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TAP: PSD acusa Pedro Nuno Santos de gerir "com ligeireza" e exige explicações

Além de "exigir explicações" ao líder do PS durante a pré-campanha, uma vez que o Parlamento já se encontra dissolvido, Miguel Pinto Luz disse que o PSD pretende "desmascarar a imagem de fazedor" que o PS procura dar do seu secretário-geral.

RODRIGO ANTUNES

SIC Notícias

Lusa

O PSD exigiu esta quarta-feira explicações ao secretário-geral do PS, considerando que a contestação da TAP à ação judicial da ex-presidente da empresa comprova que Pedro Nuno Santos gere "com ligeireza a coisa pública".

"A leveza e a informalidade são uma marca inseparável de Pedro Nuno Santos. O Partido Socialista pode tentar pintá-lo como um fazedor, mas invariavelmente as suas ações acabam em recuos, em faturas pesadas para todos os contribuintes ou, como aqui, em processos judiciais", afirmou o vice-presidente do PSD Miguel Pinto Luz.

Em conferência de imprensa na sede nacional do PSD, o dirigente do partido disse ter lido "com espanto" a contestação da TAP à ação movida pela ex-presidente executiva (CEO) em que uma das alegações é que Christine Ourmières-Widener "nunca foi trabalhadora da companhia".

"A ex-CEO da TAP foi-nos apresentada por Pedro Nuno Santos, como uma grande contratação, como alguém com imensa experiência no setor da aviação e que iria revolucionar a gestão da companhia", salientou, referindo-se à qualidade de ministro das Infraestruturas que tinha então o atual secretário-geral do PS.

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"A TAP e consequentemente o Estado, alegam que Christine Widener auferia um salário superior ao legalmente permitido, mas todos os meses esta verba foi paga e a tutela estatal, Pedro Nuno Santos, nada fez", criticou.

Além de "exigir explicações" ao líder do PS durante esta fase de pré-campanha, uma vez que o Parlamento já se encontra dissolvido, Miguel Pinto Luz disse que o PSD pretende "desmascarar a imagem de fazedor" que o PS procura dar do seu secretário-geral.

"Ele de facto faz, mas invariavelmente a seguir recua, a seguir temos erros, temos processos judiciais, temos ligeireza na gestão da coisa pública. Nós faremos diferente à frente dos destinos do país", assegurou, relacionando este tema com "a moral e a ética do Estado".

Miguel Pinto Luz disse que Christine Widener "recebeu o devido ordenado todos os meses, foi chamada a comissões parlamentares, reuniu com a bancada do Partido Socialista, tocava 'WhatsApps' com os governantes" e "colocou em prática medidas muito duras para com os trabalhadores da companhia".

"A sua difícil relação com Alexandra Reis é a causa provável para o despedimento desta, e para a consequente indemnização de 500 mil euros autorizada por Pedro Nuno Santos e comunicada por 'WhatsApp'", acrescentou.

O vice-presidente salientou que "a TAP custou aos portugueses mais de 3,2 mil milhões de euros", defendendo que esta verba poderia ter sido direcionada para outras áreas como a saúde, a educação ou redução de impostos.

"Para o PSD, o rigor, a boa gestão dos dinheiros públicos, mas também a moral do Estado, são princípios dos quais não abdicamos", assegurou.

Miguel Pinto Luz lamentou que Pedro Nuno Santos não tenha aproveitado uma iniciativa pública que teve esta quarta-feira para dar explicações sobre o "tema do dia", apelando a que a campanha seja "uma dialética saudável e transparente".

Nas respostas aos jornalistas, admitiu que esta nova polémica sobre a TAP pode desvalorizar a empresa e remeteu para a apresentação do programa eleitoral do PSD a concretização dos moldes em que os sociais-democratas defendem que deve ser feita a sua privatização.

Indemnização polémica

Na ação interposta em setembro, a ex-CEO exige uma indemnização de 5,9 milhões de euros, mas a contestação da TAP realça que, mesmo que Christine Ourmières-Widener tivesse sido despedida sem justa causa, só poderia receber, no máximo, uma indemnização no montante de 432.000 euros, uma vez que o Estatuto do Gestor Público, a que estava sujeita, apenas permite uma indemnização correspondente ao vencimento de base que auferiria até ao final do respetivo mandato, com o limite de 12 meses.

Conforme refere o documento, a ex-CEO tinha uma remuneração base anual de 504.000 euros.

Christine Ourmières-Widener foi exonerada por justa causa, em abril de 2023, no seguimento da polémica indemnização de meio milhão de euros à antiga administradora Alexandra Reis, que levou à demissão do então ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, e do seu secretário de Estado Hugo Mendes, e à constituição de uma comissão parlamentar de inquérito à gestão da companhia aérea.

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