Uma equipa científica liderada pelo Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço (IA) criou um método de inteligência artificial que reconhece galáxias “superluminosas” do início do Universo. Porque, segundo os astrónomos, "há previsões de que deveriam existir muitas mais no começo da história do Universo".
O método é descrito num artigo publicado na revista da especialidade Astronomy & Astrophysics e, segundo os seus autores, "permitirá aos astrónomos serem mais eficazes na procura das chamadas radiogaláxias", galáxias "com núcleo ativo que emitem potentes jatos de matéria, os quais brilham nas frequências rádio", refere em comunicado o IA.
A equipa internacional liderada pelo IA desenvolveu, em colaboração com a empresa Closer, especialista em inteligência artificial, um algoritmo que foi treinado com imagens de galáxias em vários comprimentos de onda de luz.
Quando testado com outras imagens, o algoritmo revelou-se "capaz de prever quatro vezes mais radiogaláxias do que os métodos convencionais com instruções explícitas", adianta o IA, acrescentando que a aprendizagem automática (ramo da inteligência artificial) poderá "ajudar a esclarecer fenómenos físicos que estavam a acontecer" nas radiogaláxias "quando o Universo tinha um décimo da idade atual".
Um dos autores do artigo, José Afonso, investigador do IA especialista no estudo de galáxias, destacou a importância para a astronomia do "desenvolvimento de técnicas avançadas" para o processamento e análise de "vastas quantidades de dados".
“No IA estamos a desenvolver e a implementar estas técnicas para conseguir decifrar a origem das galáxias e dos buracos negros supermassivos que muitas albergam”.
“Faltam buracos negros no Universo antigo”
As galáxias superluminosas no início do Universo são galáxias que se pensa serem dominadas pela atividade de um buraco negro central devorador
“Temos de encontrar mais galáxias ativas no céu, porque há previsões de que deveriam existir muitas mais no começo da história do Universo. Com as observações atuais não temos esse número”, diz Rodrigo Carvajal, do IA e da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (Ciências ULisboa),
Israel Matute, do IA e Ciências ULisboa, explica que “estes modelos são ferramentas matemáticas que nos ajudam a olhar na direção certa quando a complexidade dos dados aumenta. Este trabalho pode fornecer indícios dos processos que refrearam a formação de novas estrelas na segunda metade da história do Universo.”
Os cientistas acreditam que as galáxias ativas aparentemente em falta no Universo primordial “encontram-se nos milhões de dados que os modernos radiotelescópios irão produzir nos próximos anos. Futuros rastreios de extensas regiões do céu revelarão milhares de milhões de galáxias. Um exemplo é o Evolutionary Map of the Universe (EMU), que mapeará todo o hemisfério celeste sul com o radiotelescópio ASKAP, na Austrália”.
Com Lusa