Em análise no Jornal da Noite, José Gomes Ferreira explanou outras as soluções mais baratas para a ampliação da capacidade aeroportuária da região de Lisboa. Segundo o diretor-adjunto de Informação da SIC, devia avançar-se com a proposta que estava convencionada entre o governo de Passos Coelho e António Costa: a manutenção do aeroporto Humberto Delgado, juntamente com o Montijo.
“O novo governo, tanto seja PS ou PSD deve considerar que são apenas recomendações, não é vinculativo", defende José Gomes Ferreira, aconselhando que, independentemente do partido que ganhe, este deve procurar o apoio da oposição, tendo em conta “esta é uma obra fundamental e gastar dinheiro é o que está sobre a mesa”.
“Pelo menos 8 mil milhões de euros até ter a primeira pista a funcionar, a que é preciso acrescentar a linha de alta velocidade ferroviária e uma nova travessia sobre o Tejo, que agora vai para perto dos 2 mil milhões de euros. Tudo somado estamos a falar de muitos mais de 10 mil milhões de euros, mais 10 mil milhões de euros em alta velocidade e a novas vias ferroviárias em Portugal”, esclarece.
“Eu diria que há soluções muito mais baratas”, esclarece o diretor-adjunto de Informação da SIC.
“A solução que estava em cima da mesa: o aeroporto Humberto Delgado, pois a Comissão Técnica Independente (CTI) sabe que nos próximos 8 a 10 anos vai continuar a funcionar. Essa opção, mais o Montijo era o que estava convencionado entre o governo de Passos Coelho e António Costa no início”, aponta.
Terá o país dinheiro para esta obra?
No relatório da CTI lê-se: “Todas as opções são financeiramente viáveis, não sendo necessário financiamento público para a construção do novo aeroporto” , mas José Gomes Ferreira considera que “isto não é dito com exatidão”.
“Se puserem a concurso internacional, tenho muitas dúvidas que, num país periférico da Europa como Portugal, alguém construa um hub desta dimensão, com este valor, sem pelo menos garantia de Estado”, esclarece.
Segundo o diretor-adjunto de Informação da SIC, “o próprio relatório vem reconhecer que não se pode fazer isto sem a ANA ou os seus acionistas franceses da Vinci dizerem o que querem - e eles já disseram não querem construir este aeroporto”, adianta.
“São 600 milhões de euros na recuperação da Portela e mais 600 milhões na adaptação no Montijo, ou seja, 1.200 milhões de euros numa solução que daria mais 15 a 20 anos”, sendo esta a opção mais viável para a ANA Aeroportos e a Vinci.
Pode o Estado afastar a ANA e a Vinci do projeto?
“Pode fazê-lo, mas a que custo?”, assente o diretor-adjunto de Informação da SIC.
“Primeiro, haverá dinheiro público envolvimento (nomeadamente obras de acesso); depois, um privado que venha quer seguramente alguma forma de garantia; e a ANA vai dizer que é dentro da sua área de influência. Eles [Ana] não admitem que sejam terceiros a fazê-la e, se admitirem, vão querer, ou uma compensação em dinheiro, ou uma solução mista de compensação em dinheiro mais extensão da data de concessão”, explica.
“Mais 25 anos de uma renda garantida, porque foi o negócio que lhes deu a possibilidade de ganhar muito dinheiro em Portugal. Todos os anos já quase pagaram o investimento que fizeram”, sustenta José Gomes Ferreira.
“Os portugueses têm de exigir muita responsabilidade aos políticos neste dossier”, conclui.