No Jornal SIC Notícias, José Gomes Ferreira da SIC, e Rita Dinis, jornalista do Expresso, analisaram os últimos desenvolvimentos sobre a crise política em Portugal. Na opinião de Rita Dinis, relativamente ao caso sobre quem chamou a procuradora-geral da República (PGR) a Belém, “manifestamente há uma tentativa de criação de uma narrativa política, porque estamos à beira de eleições”.
Também na opinião do diretor-adjunto de Informação da SIC, que concorda com Rita Dinis, era necessário esclarecer esse ponto “até para esvaziar a discussão” e poderem ser debatidos outros pontos relativos “ao pântano em que estes senhores puseram o país”.
PGR e demissão de Costa: uma crise política precipitada?
Para o diretor-adjunto de Informação da SIC é importante esclarecer este ponto, sobre a reunião entre a procuradora-geral da República (PGR), Lucília Gago, e o chefe de Estado, “até para esvaziar discussão".
“Criaram uma cortina de fumo para, por um lado, criticarem a imagem do Presidente da República e dar a ideia de que a crise política não era necessária, quando a crise política é uma sequência, não é uma causa em si: decorre de um pântano autêntico em que estes senhores puseram o país. E essa discussão sobre sobre o porquê de o terem feito não está a ser feita, lamentavelmente, porque era agora que ela devia ser feita”, considera José Gomes Ferreira.
Questionada sobre se está a haver uma narrativa do PS de dizer que a crise política, ultimada com a demissão do primeiro-ministro, foi precipitada, Rita Dinis afirmou que “manifestamente há uma tentativa de criação de uma narrativa política, porque estamos à beira de eleições".
“A narrativa política está a ser construída desde o dia 1, e este caso da PGR, quem chamou e não chamou é um ‘não assunto’. Aliás, no Expresso escrevemos, e nunca foi desmentido, que foi António Costa quem sugeriu chamar a PGR naquele dia 7 de novembro […]. A não ser que haja algum problema em o primeiro-ministro a sugerir ao Presidente [da República] ouvir a PGR, esta história é um ‘não assunto' ", explica a jornalista.
Nova geringonça?
“Embora não queira falar de cenários de derrota, Pedro Nuno Santos tem deixado a ideia mais ou menos serena que, foi um dos principais rostos da geringonça, e é isso que fará se tiver a oportunidade de o fazer”, explica a jornalista política do Expresso.
A jornalista explica que Pedro Nuno Santos não recusa a ideia de uma coligação com o Bloco de Esquerda (BE) e o Partido Comunista Português (PCP), “antigos parceiros da geringonça para uma coligação, se o PS for o partido mais votado”.
“Claro que Pedro Nuno Santos tem aqui um trunfo político muito óbvio e não vai abdicar dele, que é o Chega e a Iniciativa Liberal (IL) e todo este discurso que da radicalização que o PSD está a fazer […] para dizer que o PSD está radicalizado e nesse sentido nunca fará qualquer tipo de acordo com o PSD”, explica a jornalista.
Segundo Rita Dinis, Pedro Nuno Santos “não diz que viabilizará um governo do PSD se o PSD ganhar as eleições”, porque “é apelo ao voto útil que tem nas mãos, e é a esse apelo que se vai agarrar até ao fim da campanha, não só da campanha interna, mas eventualmente das legislativas”,
Questionado sobre este ponto de possíveis acordos à esquerda, ao centro e à direita, o diretor-adjunto começou por vincar que os órgãos de comunicação social estão a “seguir uma agenda que interessa neste momento a quem está no poder”.
“Eu neste momento tenho temas quando olho para Pedro Nuno Santos: o tema da governação que ele representou como ministro, ao lançar concursos enormes, linhas de alta velocidade em Portugal, que são absolutamente polémicas e mal orientadas; o tema da compra de novos comboios pelo ministério que ele titulava; o pano de corrupção dos negócios de Estado”, acrescenta.