O Banco Central Europeu (BCE) garantiu ao jornal Expresso que vai pronunciar-se acerca do convite de António Costa a Mário Centeno, para substituí-lo como primeiro-ministro.
Os eurodeputados do Partido Popular Eurooeu (PPE) - que o PSD e o CDS integram - enviaram na última semana uma carta a Christine Lagarde, presidente do BCE, a criticar a postura de Mário Centeno após a demissão de António Costa.
“Podemos confirmar que recebemos uma carta de eurodeputados e vamos responder no devido tempo”, refere um porta-voz da entidade, citado pelo Expresso, que acrescenta que “as respostas a cartas de eurodeputados são assinadas pela presidente do BCE”.
Eurodeputados colocam dúvidas sobre independência de Centeno
Na missiva enviada na passada semana pelo grupo de centro-direita, três eurodeputados colocaram dúvidas sobre a independência do governador do Banco de Portugal.
"Se a independência dele está em causa, então a independência d todo o Banco Central Europeu, do qual ele faz parte e toma decisões, também está em causa […] Acho que ele deve assumir uma posição clara e o que ele fez até agora não nos convenceu de que, se ele continuar no cargo, conseguirá fazer essa claramente distinção", escrevem.
O semanário recorda que as cartas dirigias por eurodeputados fazem parte de uma prática recorrente de prestação de contas, a que Lagarde responde sem que haja prazos para o fazer.
O BCE não esclarece se da parte da Comissão de Ética haverá algum posicionamento relativamente a esta temática.
Comissão de Ética do BdP diz que Centeno cumpriu deveres gerais de conduta
A conduta de Mário Centeno levou a uma reunião extraordinária da Comissão de Ética do Banco de Portugal, para ser avaliada, tendo esta considerado que o governador cumpriu os deveres gerais de conduta e "agiu com a reserva exigível". Contudo, acrescenta que, "no plano objetivo, os desenvolvimentos político mediáticos subsequentes podem trazer danos à imagem do Banco", considerando que "a defesa da instituição é ainda mais relevante num período como o atual".
Neste sentido, recomendou a comissão presidida por Rui Vilar que "o governador, a Administração e o Banco no seu todo continuem empenhados na salvaguarda da imagem e reputação do Banco de Portugal".