No despacho de indiciação da Operação Influencer, o Ministério Público (MP) refere uma conversa telefónica entre os dois administradores da Start Campus. O tema da conversa foi a Redes Energéticas Nacionais (REN), mais concretamente Rodrigo Costa, o presidente da comissão executiva da REN.
No contacto, Afonso Salema pergunta a Rui Oliveira Neves de que é que Rodrigo precisa. Será que precisa de uma chamada do primeiro-ministro para lhe dizer o que é que tem de fazer.
Saliente-se que, no decurso das buscas realizadas esta terça-feira, os dois administradores foram constituídos arguidos e detidos. Também a Start Campus é arguida no processo.
O mega projeto da arguida Start Campus
A Start Campus, empresa arguida na investigação que culminou com a demissão do primeiro-ministro, é responsável pelo mega centro de armazenamento de dados informáticos em Sines, um investimento que poderá chegar a 3,5 mil milhões de euros.
O projeto de armazenamento de dados em Sines, classificado pelo Governo como o "maior investimento estrangeiro desde Autoeuropa", aparece no centro da investigação do Ministério Público que levou à detenção na terça-feira de dois administradores desta sociedade (Afonso Salema e Rui Neves), de Vítor Escária, Diogo Lacerda Machado e Nuno Mascarenhas, presidente da Câmara de Sines.
O Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) revelou esta semana que está a investigar vários negócios, direta ou indiretamente, ligados às energias renováveis: as concessões de exploração de lítio nas minas em Montalegre e em Boticas, um projeto de central de produção de energia a partir de hidrogénio em Sines e ainda a construção pela Start Campus de um 'data center' na Zona Industrial e Logística de Sines.
Destas três linhas de investigação, apenas a relativa à Start Campus consta no despacho de indiciação dos arguidos detidos esta semana.
Os procuradores defendem a tese de que os arguidos procuraram alegadamente beneficiar, direta ou indiretamente, a Start Campus através de procedimentos administrativos e legislativos para facilitar a instalação e licenciamento do projeto Sines 4.0 nos terrenos contíguos à Central Termoelétrica a Carvão de Sines, que entretanto foi encerrada.
A Start Campus é uma empresa constituída em 2020 e é detida por dois gigantes da indústria financeira: os norte-americanos da Davidson Kempner e os britânicos da Pioneer Point Partners. E foi em abril de 2021 que anunciaram a intenção de instalar este megacentro de dados informáticos, num projeto que prevê investir até 3,5 mil milhões de euros.
Com LUSA