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Melhor amigo de Costa terá ajudado a beneficiar mega projeto em Sines

Há três negócios a envolver governantes ou ex-governantes. Um deles diz respeito à instalação de um mega centro de dados em Sines, anunciado pelo Governo como o maior investimento estrangeiro das últimas décadas. Acredita o Ministério Público que a empresa Start Campus foi favorecida em diversas situações e por influência de Diogo Lacerda Machado, o melhor amigo de António Costa.

JOSÉ SENA GOULÃO

Ana Lemos

Diogo Teixeira Pereira

Sines 4.0. É este o nome do projeto anunciado em 2021 que surgia com a intenção de colocar Portugal no centro de uma rede transatlântica de dados informáticos. Um espaço para armazenar informação de grandes empresas internacionais como a Google, a Microsof, e a Amazon. Um mega Data Center e um mega investimento estrangeiro de 3,5 mil milhões de euros apresentado pelo Governo como o maior das últimas décadas.

Segundo o Ministério Público, Afonso Salema (detido) e Rui Oliveira Neves (detido) decidiram contratar o amigo de António Costa, Diogo Lacerda Machado (detido), com um propósito claro: aproveitar a relação de amizade próxima com o primeiro-ministro e a relação próxima com Vítor Escária para exercer influência e pressão não só sobre o Governo mas também autarquias e entidades públicas.

E qual era o objetivo? O benefício do mega projeto em Sines (e uma remuneração mensal a rondar os 6.500 euros).

Os contactos regulares com António Costa e Vítor Escária (detido), mas também com outros elementos do Governo, nomeadamente o ministro das Infraestruturas, João Galamba (arguido), o ministro do Ambiente, Duarte Cordeiro, e o agora ex-ministro da Economia, Pedro Siza Vieira, para que fossem tomadas decisões em favor dos interesses daquela sociedade, terão começado a partir de 2021.

O chefe de gabinete de Costa, Vítor Escária terá aceitado os pedidos de Lacerda Machado para intervir junto do Governo e de outras entidades nas questões que envolviam a sociedade de Afonso Salema e Rui Oliveira Neves que, salienta o MP, passaram a ter um acesso direto e regular a João Galamba, incluindo em reuniões formais, almoços e jantares privados - que foram por duas vezes pagos ao ministro, em aparente violação do Código de Conduta do Governo - e ainda em conversas via WhatsApp.

Esta atuação dos dois administradores da sociedade estendeu-se ainda ao presidente do conselho diretivo da Agência Portuguesa do Ambiente, Nuno Lacasta, também constituído arguido, e também ao autarca Nuno Mascarenhas (detido).

Amizade usada em benefício da Sines 4.0

Na indiciação, cujo teor a SIC teve acesso, o Ministério Público diz mesmo que Lacerda Machado contactou diversas vezes o ministro do Ambiente, Duarte Cordeiro, o autarca Nuno Mascarenhas e Vítor Escária, chefe de gabinete de António Costa, para desbloquear assuntos de interesse para a Start Campus.

O MP refere várias reuniões entre Lacerda Machado, Afonso Salema e Vitor Escária não só no escritório da empresa em Lisboa, mas também na sede do PS. Mais. Eram realizados com grande frequência contactos com João Galamba quando ainda era secretário de Estado da Energia e também depois quando passou a ministro das Infraestruturas.

Foram também recolhidos indícios de almoços e jantares privados oferecidos pelos dois administradores ao presidente do conselho diretivo da APA e a João Galamba pagos pela Start Campus.

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