Augusto Santos Silva esteve, esta terça-feira, na Rádio Renascença, onde foi confrontado com as notícias que abalam o país: as buscas a sedes de ministérios e à residência do primeiro-ministro. O presidente da Assembleia da República (AR) considera que o Ministério Público (MP) deveria prestar esclarecimentos, devido ao alarme social em torno das investigações - que não parecem mais “um casinho”.
A notícias das buscas ao Ministério do Ambiente, a outras sedes, a casas particulares de políticos e à residência oficial do primeiro-ministro acabou por ser o tema central da entrevista do presidente da Assembleia da República na Rádio Renascença.
Porém, tendo em conta a “frescura” do tema, e da falta de esclarecimentos, Augusto Santos Silva pediu prudência na avaliação dos acontecimentos e factos.
“Manda a prudência que esperemos até ao fim. Devemos isso a Leonor Beleza, Miguel Macedo ou Azeredo Lopes que viram as suas carreiras políticas interrompidas, para não dizer liquidadas, por processos dos quais saíram totalmente inocentados”, relembrou Santos Silva na Renascença.
Para além disso, para que exista esta prudência, o presidente da AR considera que o Ministério Público deveria prestar declarações para que não haja, de imediato, uma condenação pública ou política sem julgamento.
“O Ministério Público tem o poder de prestar esclarecimentos públicos, sempre que entender, sobre processos que estão em curso. Parecia estarmos perante um caso em que essa faculdade do MP seria útil, mas como sabe, esse esclarecimento não foi prestado”, diz Santos Silva que considera que, agora, também não será feito.
Mais. O presidente da AR diz que tais declarações seriam benéficas tendo em conta o “alarme social associado à realização de buscas a sedes de partidos, ministérios ou instalações em que trabalha o primeiro-ministro”.
Quando questionado sobre estar preocupado com o retomar de casos e casinhos, Santos Silva esclarece que não parece que nesta situação se esteja "perante uma questão de casinhos".
Tendo em conta a confirmação do Ministério do Ambiente das buscas na sua sede e também do primeiro-ministro, noutro ministérios e casas particulares, “diria que isto não parece propriamente ter a dimensão de um casinho”, conclui.
O lítio
Pelo menos cinco pessoas foram detidas, entre os quais o empresário e amigo próximo do primeiro-ministro, Diogo Lacerda Machado, e o chefe de gabinete de António Costa, Vítor Escária, e o ministro João Galamba foi constituído arguido. Em causa está um processo que investiga os negócios do hidrogénio e do lítio.