No dia em que os sindicatos médicos voltam à mesa de negociações com o Ministério da Saúde, continuam a ser vários os especialistas, em diferentes unidades do país, que se recusam a fazer mais do que as 150 horas extraordinárias exigidas por lei. Entre eles especialistas da Neonatologia e de Ginecologia/Obstetrícia do Centro Materno-Infantil do Norte, e os intensivistas do hospital da Guarda.
Hospital da Guarda
O Sindicato dos Enfermeiros Portugueses exige que o hospital da Guarda reforce a equipa. Sem especialistas de medicina interna na urgência desde dia 1 de outubro, dizem que são poucos e não conseguem assegurar condições de segurança aos utentes.
O hospital da Guarda já reforçou o número de camas no serviço de urgência, mas o internamento das medicinas está em sobrecarga, levando a que os enfermeiros já tenham pedido reforço de equipa.
Segundo o dirigente do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses, a equipa de enfermagem tem estado abaixo dos mínimos exigidos por lei, tendo ainda os profissionais por receber os valores correspondentes a cerca de 11 mil horas extraordinárias.
“Temos um défice estrutural de recursos humanos de enfermagem e isto é uma pescadinha de rabo na boca” refere Honorato Robalo.
O serviço de urgência está mais condicionado ao fim de semana, altura em que também a viatura de emergência médica (VMER) tem funcionado de forma intermitente, tendo em conta as avarias da viatura residente e das de empréstimo estarem a provocar muitos constrangimentos.
"No próximo fim de semana a medicina interna volta a falhar no serviço de urgência, e as especialidades de ortopedia e cardiologia também não estão garantidas", acrescenta.
A viatura de emergência médica, de acordo com a escala disponível está inoperacional das oito da noite de domingo às oito da manhã de segunda-feira.
O conselho de administração do hospital da Guarda foi contacto pela SIC, mas não se pronunciou.
Centro Materno-Infantil do Norte (CMIN)
Pelo menos 38 médicos do Centro Materno-Infantil do Norte entregaram minutas, dando conta de que estão indisponíveis para fazer mais horas extraordinárias no serviço de urgência, entrando a recusa em vigor a partir de 6 de novembro.
Os médicos da maior maternidade do norte, que realiza cerca de 3 mil partos por ano, fazem turnos de 24 horas pelo menos uma vez por semana, mas o horário contratualizado é de 18 horas.
Esta situação faz com que os especialistas acumulem, semanalmente, seis horas extraordinárias, fazendo que a maioria destes especialistas já tenha esgotado o limite das 150 horas extra em junho.
O diretor clínico adianta que não está previsto qualquer condicionamento nos serviços prestados pelo CMIN.
A SIC contactou o hospital, que confirmou que alguns médicos manifestaram aos diretores de serviço a intenção de entregar as minutas, mas que até ao momento não a formalizaram.
Os médicos devem reunir-se com a administração do CMIN na próxima segunda-feira.