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Hospital Santa Maria ativa plano de contingência devido a grande afluência às urgências

O maior hospital do país ativou o plano de contingência devido à grande afluência às urgências. O apelo é para que apenas recorram à urgência do Santa Maria os doentes que necessitam de cuidados urgentes e emergentes.

O Hospital de Santa Maria é o primeiro na Península Ibérica, e um dos três no mundo, a usar um robot inovador na preparação de tratamentos oncológicos.
Horacio Villalobos

SIC Notícias

A administração do Hospital de Santa Maria, em Lisboa, ativou esta sexta-feira o plano de contingência. Em causa está a "grande afluência" de doentes ao serviço de urgência, sustentou o diretor do Serviço de Urgência Central, João Gouveia.

Em conferência de imprensa, o clínico alertou que doentes não referenciados "não vão ser atendidos".

"O serviço de urgência [do Santa Maria] está sob uma grande afluência contínua de doentes e que dificulta bastante a nossa missão ", disse.

Neste sentido, o diretor apelou para que apenas recorram à urgência os doentes que necessitam de cuidados urgentes e emergentes.

"Venho pedir que só venham às urgências, nomeadamente à urgência do serviço do Hospital de Santa Maria, os doentes que necessitam de cuidados urgentes e emergentes", apelou João Gouveia.

O médico explicou que os doentes de hospitais de outras áreas que não venham referenciados por instituições ou pelo CODU (Centros de Orientação de Doentes Urgentes) do INEM "não vão ser atendidos neste hospital", porque o Santa Maria não tem capacidade para garantir esse acompanhamento.

Segundo João Gouveia, os profissionais de saúde e "estão ali para cumprir o seu trabalho", mas precisam que a "afluência seja regulada".

"Neste momento nós temos uma dificuldade com o escoamento dos doentes" por causa do encerramento dos serviços de urgência dos outros hospitais, que faz com que haja "uma afluência contínua", disse, elucidando que tiveram mais de 700 doentes na urgência na segunda-feira passada.

"É impossível o hospital responder sozinho a este problema", vincou João Gouveia numa conferência de imprensa no Hospital Santa Maria, que integra o Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte, juntamente com o Hospital Pulido Valente, sobre a situação das urgências.

O médico intensivista salientou que há "várias estruturas que funcionam e devem funcionar antes das urgências hospitalares", insistindo que, neste momento, estão apenas em condições de assistir os doentes que o CODU considera que necessitam dos cuidados diferenciado.

Amadora-Sintra e Santarém criam “carga muito grande”

Adiantou ainda que o facto de haver serviços de urgências a encerrar ao longo da semana na região de Lisboa, sendo neste momento dois, o do Hospital Fernando Fonseca (Amadora-Sintra) e do hospital de Santarém, causa "uma carga muito grande" para o hospital.

João Gouveia destacou a importância de os hospitais comunicarem entre si como aconteceu na pandemia, lamentando que o Santa Maria tenha sabido do encerramento das urgências pelas ambulâncias que estão à porta e não pelos hospitais que têm os serviços encerrados.

Impacto de protesto no Santa Maria

Questionado sobre quantos pedidos de escusa às horas extraordinárias, além das 150 obrigatórias, foram apresentados pelos médicos no Santa Maria, avançou que foram 10 de especialistas de cirurgia geral e dos internos de cirurgia, mas que não se traduz ainda em alterações de escala ou em risco da atividade programada e da urgência.

"Agora, se continuarem estes pedidos de escusa, quer no Santa Maria, quer nos outros hospitais, é lógico que vá haver problemas, primeiro na atividade programada e depois na urgência", avisou.

Questionado se no seu percurso hospitalar já tinha passado por uma situação semelhante à que se está a viver, o especialista disse que, "infelizmente", já passou por várias situações em que tiveram "uma sobrecarga de utentes e dificuldades claras".

"Se calhar, por causa disso, é que estou agora aqui a fazer este apelo, porque acho que já passei por algumas situações que não quero voltar a passar. Portanto, acho que é importante que as pessoas só venham à urgência se na verdade necessitarem e que cumpram os canais de referenciações", declarou.

Sobre a luta laboral dos médicos, João Gouveia defendeu que "tem que se começar a fazer horários sem contar com as horas extraordinárias", considerando que "não faz sentido nenhum" que toda a atividade do Serviço Nacional de Saúde seja feita com base em horas extras.

"Isso é um problema de base que tem que ser resolvido", frisou.

Segundo a Federação Nacional dos Médicos, mais de 2.000 médicos já entregaram pedidos de escusa às horas extraordinárias, o que está a levar a encerramentos de urgências e fortes constrangimentos nos hospitais.

Com LUSA

Notícia atualizada às 18:37

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