Vejamos o que se passa no hospital da Guarda, onde não há especialistas de medicina interna. À última hora, a administração do hospital conseguiu contratar dois médicos para a noite desta quarta-feira.
Um especialista de medicina do trabalho e um interno de medicina geral e familiar. Foi esta a solução encontrada para poder ser feita a primeira avaliação dos doentes, evitando o encerramento da urgência que ficou sem especialistas de medicina interna.
"Até domingo, não sabemos se vai ser possível preencher a escala. É uma especialidade essencial para um serviço de urgência de um hospital distrital. é responsável por cerca de 150 utentes, mais frágeis e diferenciados, que vão ter de ser transferido para outros hospitais. Vai acabar por sobrecarregar outros hospitais", diz o delegado da Ordem dos Médicos da Guarda, João Silva.
A Guarda é um exemplo do estado do Serviço Nacional de Saúde (SNS). As escalas de serviço, em especial das urgências, eram difíceis de preencher, mas a situação agravou-se com a recusa dos médicos em fazerem mais horas extraordinárias do que as 150 por ano que lei limita.
Protestos ganham força
Esta forma de protesto, que acontece depois de terem falhado as negociações de carreira com o Ministério da Saúde, ganhou força em setembro e terá levado a constrangimentos em 34 hospitais.
Só na primeira semana de outubro, o número de recusas passou de 1.500 para duas 2.000, segundo a Federação Nacional dos Médicos (FNAM).
Para a próxima semana é esperada uma reunião entre sindicatos e Governo.
"Esta reunião terá de ser com os nossos colegas da FNAM, com quem temos um pedido de cimeira efetuado, e naturalmente terá de ocorrer depois de acertamos opiniões com a FNAM. Mas só com as propostas podermos dar a nossa opinião", afirma Jorge Roque Cunha, do Sindicato Independente dos Médicos (SIM).
Em Coimbra, as escalas estão por agora asseguradas, mas não há garantias de que isso aconteça no próximo mês.
O Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra é também o exemplo de um hospital central pressionado pelas falhas de outras unidades do SNS. A organização fala que isto "vai traduzir-se em maior tempo de espera e em menor qualidade de serviço”.
Inverno pode trazer mais problemas
O mesmo é dizer que Ministério e médicos têm de chegar rápido a um acordo. Principalmente quando se aproxima o tempo frio em que é expectável o aumento de infeções respiratórias.
Antes disso, os hospitais vão ter de outros problemas.
Para esta sexta-feira está convocada uma greve na função pública que deverá causar dificuldades em vários serviços do setor. É esperada adesão por parte dos assistentes operacionais.