Paulo Prudêncio, professor, diz que está pessimista quanto à nova ronda de negociações entre o Governo e os sindicatos, que voltam esta segunda-feira à mesa de negociações. Na SIC Notícias, diz que a profissionalização de professores "à pressa" é "preocupante", numa profissão "cada vez mais difícil". Aponta ainda que há professores que se vão reformar sem conseguir pagar um lar.
A reunião será centrada na discussão do diploma sobre as habilitações para a profissão.
"Estou pessimista. Estamos com 1 ano de rondas negociais e não tem resultado em quase nada", afirma.
Exemplificando com outros países, como os Estados Unidos, que "investiram 9 biliões de dólares", e a Irlanda, com um "programa de 1400 milhões", defende que em Portugal houve um "estado de negação" dos políticos.
"Agora estamos desesperados para encontrar soluções, como profissionalizar professores à pressa. Isso é preocupante. Esta profissão é cada vez mais difícil e os professores vão chegar às escolas menos preparados e com um rótulo de pessoas que não estão devidamente preparadas cientificamente e em termos de profissionalização", refere.
Ainda a propósito do diploma de habilitações, apesar de considerar que são "as pessoas que fazem as profissões", salienta que já estão a ser desvalorizados.
Paulo Prudêncio diz que os professores não confiam no "modelo autocrático de gestão das escolas", nem na avaliação de desempenho.
"O Governo descongelou as carreiras e bem, mas também descongelou uma engrenagem diabólica que tritura a dignidade dos professores. Continuam a existir quotas, vagas e os professores continuam a sentir a injustiça na pele", afirma.
Sobre os sindicatos, que têm de ser "credíveis e fortes", o professor considera que há um descrédito.
"Os sindicatos mais representativos estão ligados a partidos políticos. A agenda é mais condicionada por partidos do que por interesses dos professores", aponta.
O aparecimento do Sindicato de Todos os Professores (S.TO.P.) foi uma "lufada de ar fresco", mas entrou numa circunstância parecida com guerras fratricidas", defende ainda.
Em entrevista na SIC Notícias, Paulo Prudêncio salienta o aumento das desigualdades entre a escola pública e a "escola para ricos", onde os professores "têm carreira e são devidamente formados".
Sobre a proposta do PSD para o pagamento faseado do tempo de serviço dos professores, considera é um "assunto sério e profundo", que tem de ser resolvido no Parlamento.
Apesar de considerar que o partido tem "mérito" por não dar o "assunto por encerrado, salienta:
"Alguém que informe o PSD que os professores depois de reformados não recuperam tempo de serviço. Eu não sei se o PSD está a pensar, vencendo as legislativas em 2026, recuperar o tempo de serviço até 2031. Daqui a oito anos não sei se ainda há professores para recuperar esse tempo de serviço", refere.
Para finalizar, Paulo Prudêncio destaca que há professores com 35/40 anos de serviço que se vão reformar e "o que vão receber não será suficiente para pagar um lar de idosos".
"Estamos a entrar no 50.º aniversário do 25 de Abril, mas não se vive um clima democrático nas escolas".