São 13 partidos, cada um com a sua ambição própria para a região. O PSD está no poder há meio século e a esquerda portuguesa já está cansada de ver a direita a comandar uma região cujo potencial consideram não estar a ser aproveitado. As eleições são este domingo e, segundo as sondagens, a coligação PSD/CDS poderá ter maioria absoluta. Mas sondagens não dão cargos políticos e, se o povo madeirense não quiser, Miguel Albuquerque também não quererá governar com minoria.
Às legislativas da Madeira, que se decidem este domingo, concorrem 13 candidaturas, que disputam os 47 lugares no parlamento regional, num círculo eleitoral único.
PTP, JPP, BE, PS, Chega, RIR, MPT, ADN, PSD/CDS-PP (coligação Somos Madeira), PAN, Livre, CDU (PCP/PEV) e IL são as forças políticas que se apresentam a votos.
Mas, apesar de muitos, cada um tem o seu objetivo: de alcançar uma maioria, de mudar quem está no poder, ou de, simplesmente, eleger deputados para a Assembleia Regional.
Nas anteriores regionais, os sociais-democratas elegeram 21 deputados e o CDS-PP três deputados parlamentares. O PS alcançou 19 mandatos, o JPP três e a CDU um.
Nas anteriores eleições regionais, em 2019, o PSD falhou pela primeira vez a maioria absoluta num sufrágio na região desde 1976, optando por celebrar um compromisso de coligação com o CDS-PP para garantir a sua continuidade na governação.
Por isso, nestas eleições, Miguel Albuquerque já deixou o aviso: "se a coligação não tiver a maioria não é possível governar".
O cabeça de lista da coligação PSD/CDS-PP às regionais de domingo da Madeira, Miguel Albuquerque, recusou esta semana o "excesso de triunfalismo", salientando que nunca ninguém ganhou eleições nas sondagens e que é necessária uma maioria para governar.
"Vão votar, não há vitórias antecipadas, nunca vi ninguém ganhar umas eleições nas sondagens, as sondagens são positivas, mas é fundamental as pessoas perceberem que só no dia, só no dia da eleição, com o voto depositado na urna, é que está determinado o futuro", disse Miguel Albuquerque, num comício em Câmara de Lobos, no dia em que foi divulgada mais uma sondagens que atribui à coligação Somos Madeira a vitória com maioria nas eleições de domingo.
Mas o cabeça de lista do Movimento Partido da Terra (MPT) regionais, Válter Rodrigues, não acha isso muito boa ideia e defendeu que uma nova maioria absoluta na região é “um erro” a “evitar a todo o custo”.
E o cabeça de lista do Partido Trabalhista Português (PTP), Quintino Costa, afirmou que chegou a “hora de castigar a direita” e acusou o PSD de “roubar os madeirenses” há 48 anos, cobrando os impostos “mais altos da Europa”.
As sondagens (que não ditam eleições)
No início desta semana, foi divulgada uma nova sondagem das eleições regionais da Madeira.
A coligação Somos Madeira (que junta PSD e CDS pelo segundo ano consecutivo) volta a conseguir uma maioria absoluta, reunindo entre 47% e 53% dos votos, de acordo com os dados recolhidos pela Universidade Católica Portuguesa para a RTP.
Logo a seguir surge o PS, que poderá ter entre 20% e 26% dos votos, e o Chega e o Juntos Pelo Povo (JPP), ambos com uma variação entre os entre 5% e 9%.
Após a maioria das sondagens dar um cenário sombrio para o Bloco de Esquerda, que se estimava que permanecesse fora do parlamento regional, os novos dados mostraram que o partido pode regressar e redobrar a sua presença na Madeira.
Já a CDU (a coligação entre PCP e PEV) pode não reeleger, com 1% e 3% estimados. Mas nenhum destes partidos está pior que o Iniciativa Liberal. Os liberais sofrem a maior queda, que se situa entre 1% a 2% .
Minoria inviável
Albuquerque insiste que não é possível liderar o Governo Regional "discutindo todos os dias, tudo e a toda a hora".
"Eu em minoria, a fazer acordos pontuais, eu não governo", repetiu, lembrando que "as cartas" foram "postas em cima da mesa antes da eleição".
As ruas não correspondem aos números
O cabeça de lista do PS às legislativas da Madeira, Sérgio Gonçalves, disse esta semana que "existe uma vontade crescente de mudança" na região autónoma e vincou que "os madeirenses já não se deixam enganar" pelas "artimanhas" do Governo PSD/CDS-PP.
"Aquilo que nós sentimos nas ruas não corresponde aos resultados de qualquer sondagem. Nós sentimos vontade de mudar por parte dos madeirenses, sentimos queixas da população relativamente ao atual Governo", declarou.
Sérgio Gonçalves falava aos jornalistas durante uma ação de campanha no Bairro da Nazaré, o maior complexo de habitação social da Madeira, no Funchal, onde os candidatos socialistas contactaram com os residentes, ouviram queixas e distribuíram panfletos.
"Nós precisamos dar prioridade à habitação e é por isso que, com um futuro Governo Regional liderado pelo PS, a prioridade do betão será sempre a habitação e nunca aumentar a Pontinha ou qualquer outra obra desnecessária", garantiu o cabeça de lista.
A candidatura socialista promete também valorizar os rendimentos, reduzindo o IRS e o IVA, pois, segundo disse Sérgio Gonçalves, isso corresponde ao que os madeirenses lhe pedem na rua, provando que "existe uma vontade crescente de mudança".
O também deputado regional e líder do PS/Madeira alertou, por outro lado, p ara a necessidade de "acabar com o receio de mudança", que considera ser, muitas das vezes, "incutido pelo próprio PSD, pelo Governo, que não se poupa às mesmas artimanhas, aos mesmos truques de sempre".
Como exemplo, apontou o anúncio feito pelo executivo de que vai pagar o "subsídio covid-19" aos profissionais de saúde na sexta-feira, último dia da campanha eleitoral, e promover uma vinculação extraordinária de professores este ano.
"Não há coincidências. Os madeirenses já não se deixam enganar, têm vontade de mudar e, acima de tudo, não têm medo de mudar e não têm medo de votar diferente", disse, para depois reforçar: "É tempo de a Madeira e de os madeirenses terem um Governo que governe todos os dias e não apenas em vésperas de eleições".
Ter confiança, mas não ter votos
O cabeça de lista da Iniciativa Liberal (IL) às regionais da Madeira, Nuno Morna, reafirmou hoje a convicção de que o partido vai cumprir o objetivo de eleger um grupo parlamentar nas eleições de domingo.
"Eu não tenho dúvida nenhuma que vamos eleger o grupo parlamentar", declarou Nuno Morna, depois de questionado se a sondagem divulgada na terça-feira pela RTP, que indica que o partido poderá eleger um deputado ou ficar sem representação, o deixou desanimado.
O candidato, que é coordenador da IL na região, falava aos jornalistas depois de ter estado durante a manhã em contacto com a população no Funchal e antes de partir para outras ações em diversos concelhos da ilha.
"A sondagem grande vai ser no dia 24 e todos os dias temos uma grande sondagem que é no contacto com as pessoas. E isso não nos diz, de todo, o mesmo que dizem as sondagens que vão saindo", realçou, rejeitando qualquer preocupação em relação a essas projeções.
Nuno Morna, que além de ator e produtor teatral é também técnico de aeronáutica da NAV - Navegação Aérea, referiu que a Iniciativa Liberal tem andado por toda a ilha "a ouvir as suas ansiedades e levando também uma mensagem de esperança".
Segundo o cabeça de lista da IL, há um "ponto comum" que é frisado pelas pessoas nas ações de rua: a falta de poder de compra.
"E essa falta de poder de compra está ligada aos impostos, está ligada aos salários baixos. Noventa e tal por cento das pessoas com quem falei hoje de manhã ganham o salário mínimo. Isto é uma terra de salários mínimos e as pessoas querem mais, querem ter uma vida condigna, uma vida que esteja ao mesmo nível dos que nos visitam", apontou.
Nuno Morna sublinhou que a IL será "o fator potenciador de as pessoas terem mais riqueza" e considerou que, ultimamente, todos os partidos têm alinhado com as posições do partido.
"Toda a gente agora fala de baixa e redução de impostos. Nós andamos a fazê-lo desde que nascemos", sustentou.
O candidato da IL defendeu também que o executivo madeirense tem de "começar a pensar seriamente em devolver o dinheiro que o turismo deixa ao bolso das pessoas, devolvê-lo à economia e não ficar nos cofres do Governo Regional para utilidades muito, mas mesmo muito, duvidosas".
A Iniciativa Liberal concorreu pela primeira vez a eleições regionais da Madeira em 2019, não tendo conquistado qualquer mandato.
Com Lusa