“O Primeiro-Ministro e a Arte de Governar”. O nome do novo livro de Cavaco Silva já indica sobre o que se trata. Mas o antigo Chefe de Governo e de Estado diz que os acontecimentos políticos dos últimos meses tiveram “zero influência” no que escreveu.
Lançado esta sexta-feira, o livro nunca refere diretamente António Costa e Marcelo Rebelo de Sousa, mas deixa “várias indiretas muito diretas àquilo que tem acontecido no Governo e na relação entre o Presidente e o primeiro-ministro”, considera Bernardo Ferrão.
O jornalista da SIC dá como exemplo um trecho do terceiro parágrafo.
“Cavaco Silva diz: ”o sucesso governativo é definido não em termos de sucesso de resultados eleitorais e preservação do poder, mas do progresso do país nas suas diferentes dimensões, numa perspetiva de médio e longo prazo, o que se pode designar por bem-estar social". Quer dizer que Costa esteve muito mais preocupado na sua preservação no poder, em conservar um status quo do PS, do que no sucesso do país".
"É preciso lembrar que Cavaco tem um passado"
Cavaco Silva foi Presidente da República durante 10 anos, entre 2006 e 2016. Antes, de 1985 a 1995, foi primeiro-ministro. Um passado que não foi imaculado e que “é preciso lembrar”.
“Quando Cavaco Silva fala e dá este título ao livro, é preciso lembrar como foram os Governos de Cavaco, fechados no seu poder absoluto, com muitos problemas, muitas vezes distantes do país. É preciso lembrar as presidenciais abertas com Mário Soares, é preciso lembrar que Cavaco Silva tem um passado”, afirma Bernardo Ferrão.
O jornalista da SIC frisa que o político histórico do PSD “tem toda a legitimidade” para criticar o Governo, mas é preciso “enquadrar as críticas e pensar que Cavaco não é uma tábua rasa”.