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Um "refúgio para a ressaca": sala de chuto no Porto completa um ano mas (ainda) não chega

Houve dias com 300 consumos diários de droga registados. O Presidente da Câmara do Porto diz estar a aguardar por indicações para comprar uma segunda unidade, que terá de ser móvel para chegar a vários pontos da cidade.

SIC Notícias

Ao fim de um ano da abertura da sala de consumo vigiado, no Porto, o balanço feito pela autarquia é positivo. Foram admitidos, nos primeiros nove meses, mais de 1600 utilizadores e feitos mais de 38 mil consumos.

Luís Miguel consome drogas há 36 anos. Vive com a mãe e é presença assídua nesta unidade.

"Ajuda-me porque eu não tenho de andar escondido a consumir drogas. É um local onde estamos à nossa vontade, próprio para os consumidores. É tipo um refúgio", afirma.

António Ribeiro, que anda sempre com a casa às costas, vem aqui desde que o espaço abriu e deixa um desabafo.

"Só tem seis lugares para um universo de 1.500 toxicodependentes nesta área, contando com o pessoal que vem de fora. Chegam aqui e têm de ficar meia hora à espera. A ressaca é tão grande e o desespero é tão grande".

Na sala para consumo fumável, há espaço para um máximo de seis pessoas em simultâneo e só podem estar meia hora.

Para as drogas injetáveis, há quatro lugares disponíveis com um enfermeiro em permanência.

Um primeiro diagnóstico feito para o arranque deste projeto piloto há um ano revelou estar muito aquém da dimensão do problema.

Foram já rastreados mais de 20 casos de tuberculose e, neste momento, há pelo menos 14 utilizadores medicados diariamente.

Ao fim de um ano, o SICAD - Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências abriu um novo concurso para gestão do espaço que esteve, até agora, a cargo do consórcio "Um Porto Seguro" e que vai passar para as mãos do Ministério da Saúde. O processo está atrasado, mas a autarquia assegura a manutenção da unidade.

Para Rui Moreira, este ano experimental foi um sucesso, mas diz que é tempo de repartir responsabilidades pela Área Metropolitana do Porto.

O autarca diz ainda estar a aguardar por indicações do SICAD para comprar uma segunda unidade, que terá de ser móvel para chegar aos vários pontos críticos da cidade.

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