Alexandre Fonseca suspende funções executivas e não-executivas na Altice e em diversas filiais. O atual Chairman da empresa é suspeito de recebimento indevido de vantagem, mas não foi constituído arguido. A informação foi avançada pela Altice em comunicado enviado à SIC.
“O grupo Altice vem tornar público que o seu atual co-CEO, Alexandre Fonseca, comunicou ao grupo que acionou a suspensão das suas funções no âmbito das atividades empresariais executivas e não executivas de gestão do grupo em diversas geografias, incluindo as posições de Chairman em diversas filiais”, pode ler-se.
É ainda referido que a decisão de Alexandre Fonseca pretende “de forma inequívoca proteger os interesses do Grupo Altice, e todas as suas marcas num processo que é público onde, aparentemente, são indiciados atos a investigar ocorridos no período em que este exerceu as funções executivas de Presidente da Altice Portugal”.
É ainda referido que o grupo Altice “aceita e valoriza” a decisão tomada por Alexandre Fonseca, considerando que a suspensão de funções “auxilia a salvaguarda da prossecução da sua atividade empresarial e promove a defesa dos princípios da transparência, e da inequívoca colaboração no apuramento dos factos”.
Casa do ex-CEO da Altice alvo de buscas na quinta-feira
A casa do ex-presidente Executivo da Altice, Alexandre Fonseca, foi alvo de buscas na quinta-feira, no âmbito da Operação Picoas.
A defesa de Alexandre Fonseca diz à SIC que o ex-CEO da operadora não é arguido no processo, mas é mencionado por recebimento indevido relativo a serviços fictícios. Terão sido prestados às empresas de Armando Pereira, um dos fundadores da Altice.
Cofundador da Altice vai prestar declarações
O cofundador da Altice Armando Pereira vai prestar declarações em interrogatório sobre as sobre as suspeitas em torno de negócios da Altice Portugal, mas só a partir de segunda-feira, disse este sábado à Lusa o advogado.
Pedro Marinho Falcão confirmou a decisão de que Armando Pereira "vai prestar declarações" perante o juiz Carlos Alexandre sobre a investigação do Ministério Público (MP) e da Autoridade Tributária (AT).
De acordo com o Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) do MP, a operação desencadeada na quinta-feira, que levou às três detenções, contou com cerca de 90 buscas domiciliárias e não domiciliárias, entre as quais instalações de empresas e escritórios de advogados em vários pontos do país.
Em causa está, alegadamente, uma "viciação do processo decisório do Grupo Altice, em sede de contratação, com práticas lesivas das próprias empresas daquele grupo e da concorrência", que apontam para corrupção privada na forma ativa e passiva.
As autoridades destacam ainda que a nível fiscal o Estado terá sido defraudado numa verba "superior a 100 milhões de euros".
A investigação indica também a existência de indícios de "aproveitamento abusivo da taxação reduzida aplicada em sede de IRC na Zona Franca da Madeira" através da domiciliação fiscal fictícia de pessoas e empresas.
Entende o MP que terão também sido usadas sociedades offshore, indiciando os crimes de branqueamento e falsificação.
Nas buscas, o DCIAP revelou que foram apreendidos documentos e objetos, "tais como viaturas de luxo e modelos exclusivos com um valor estimado de cerca de 20 milhões de euros".