O ex-governador do Banco de Portugal Carlos Costa vai mover uma ação cível contra o primeiro-ministro para que este se "retrate publicamente" de "afirmações injuriosas", chamando como testemunha o Presidente da República, revelou o próprio à Lusa.
"Não tendo ainda sido citado para a anunciada acção cível, supostamente proposta pelo Dr. António Costa [primeiro-ministro], informo de que já constituí como meus mandatários judiciais (...) tendo em vista a contestação especificada da referida petição cível, com simultânea dedução de pedido reconvencional contra o Dr. António Costa, para que publicamente se retrate das afirmações injuriosas que me dirigiu, assim repondo a verdade dos factos, arrolando eu próprio como testemunhas, entre outras, também as que o autor indicou, incluindo o senhor Presidente da República", refere Carlos Costa, numa declaração à Lusa.
António Costa apresenta ação cível contra Carlos Costa
O primeiro-ministro, António Costa, apresentou em 27 de abril uma ação cível contra o ex-governador do Banco de Portugal Carlos Costa, na qual pede que seja condenado "a retratar-se das afirmações" sobre pressões relativas a Isabel dos Santos.
Fonte ligada ao processo confirmou à agência Lusa a entrada da ação no Tribunal Cível de Lisboa na qual é pedida "a condenação de Carlos Costa a retratar-se das afirmações que fez a propósito do BIC e do Banif".
O Expresso noticiou esta quinta-feira à noite que o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, aceitou ser testemunha no processo cível que António Costa decidiu avançar contra o ex-governador do BdP Carlos Costa.
Polémica Costa vs Costa
O livro "O Governador", publicado pela Dom Quixote, resulta de um conjunto de entrevistas do jornalista do Observador Luís Rosa a Carlos Costa, que liderou o Banco de Portugal entre 2010 e 2020.
No dia da apresentação do livro, António Costa insistiu que as declarações proferidas pelo ex-governador são falsas e, depois de o mesmo não se ter "retratado, nem pedido publicamente as desculpas que eram devidas", constituiu um advogado.
No dia seguinte, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, viria a defender publicamente António Costa das acusações do ex-governador, considerando que as autoridades portuguesas atuaram em nome do interesse nacional no caso que envolveu Isabel dos Santos.