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Greve na função pública: escolas fechadas, hospitais e serviços de atendimento com perturbações

Os trabalhadores da Função Pública cumprem esta sexta-feira uma greve nacional. Entre os motivos da greve estão a exigência de aumentos salariais imediatos, a fixação de limites máximos dos preços de bens e serviços, a valorização das carreiras e o reforço dos serviços públicos.

NUNO VEIGA/Lusa

SIC Notícias

Lusa

A adesão à greve desta sexta-feira na função pública está a ser elevada, com muitas escolas encerradas e hospitais a funcionar em mínimos, segundo a Frente Comum, que convocou a paralisação.

"Os hospitais estão a cumprir os serviços mínimos, nomeadamente nos internamentos e urgências. Algumas escolas estão encerradas e temos escolas que, estando abertas, têm lá os trabalhadores a cumprir os serviços mínimos que lhes foram impostos de uma maneira ilegal. Há também uma Loja do Cidadão no Porto que está encerrada", disse aos jornalistas o coordenador da Frente Comum, Sebastião Santana.

"O Governo tem de olhar para estes trabalhadores, para os serviços públicos numa perspetiva de reforço e de valorização que é tudo o que não tem feito e não abre espaço para resolver problema. (...) O Governo tem de sair do pedestal da maioria absoluta em que está. As respostas são necessárias já", concluiu.

O sindicalista, que falava aos jornalistas junto à entrada do edifício da Segurança Social em Lisboa, sublinhou que esta adesão “mostra o descontentamento dos trabalhadores com toda a situação laboral”.

A greve nacional dos funcionários públicos, que começou às 00:00 de hoje, começou à entrada do turno da noite para os trabalhadores das áreas da saúde e da recolha de resíduos sólidos urbanos (lixo doméstico), que forma assim os primeiros a entrar em greve.

"O turno da noite teve uma adesão quase total nos resíduos sólidos um pouco por todo o país", afirmou Sebastião Santana.

Processos disciplinares? O recado enviado pela Câmara de Matosinhos às escolas

O Sindicato de Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais do Norte - STFPSN denunciou situações de pressão sobre os trabalhadores para não aderirem à greve nacional desta sexta-feira.

Em declarações à SIC, Lurdes Ribeiro relata um cenário de "medo" depois de a Câmara Municipal de Matosinhos ter enviado um e-mail aos diretores das escolas com um recado: dizerem aos trabalhadores que não podem fazer greve porque, se fizerem, vão ser alvo de um processo disciplinar.

"Esta greve fica marcada pela palavra medo (...) Provavelmente será na Justiça e nos tribunais que nós vamos resolver isto", afirmou Lurdes Ribeiro do STFPSN.

Professores acampados em frente à Assembleia da República

Um grupo de professores e pessoal não docente voltou a montar um acampamento em frente à Assembleia da República (AR). Na última noite, pelo menos 18 profissionais da educação passaram a noite em frente à AR.

Têm como objetivo “diversificar as formas de luta que têm estado a decorrer na sequência das reivindicações por melhores condições de trabalho e por uma escola pública de qualidade”, contou a porta-voz do grupo, Elsa Viola, à SIC.

Greve com adesão "perto dos 85%" no Hospital de São João, no Porto

A greve dos trabalhadores da função pública teve uma adesão "perto dos 85%" no Hospital de São João, no Porto, estando "apenas a ser cumpridos" os serviços mínimos, disse à Lusa fonte sindical.

Em declarações à Lusa, à porta das Consultas Externas daquela unidade hospitalar, o coordenador do Sindicato dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais do Norte, Orlando Gonçalves, congratulou-se com a "forte adesão" à luta por parte dos trabalhadores, salientando que este "é um alerta" ao Governo.

No Hospital de São João, disse, os blocos operatórios "estão fechados", funcionam apenas em serviços mínimos e a recolha de sangue para análises não se está a realizar, o que está a provocar protestos por parte dos utentes, que se dizem "enganados e gozados".

"O balanço feito a esta hora [09:00] mostra uma adesão de 85% dos trabalhadores a esta luta. O impacto da greve tem sido bastante grande aqui no São João (...). Os trabalhadores estão a dar a resposta que de facto tem que ser dada, é mais do que justificada esta greve e o protesto que temos amanhã [sábado] em Lisboa", afirmou Orlando Gonçalves.

Segundo o sindicalista, a adesão à greve deve-se "à postura" do Governo: "As pessoas não conseguem continuar a viver desta forma, com o aumento brutal do custo de vida, dos juros, inflação e especulação, e o Governo, em vez de andar com subsídios, tem é de dar aumentos salariais porque até há folga orçamental para isso".

Aumento dos salários e valorização das carreiras

Entre os motivos da greve convocada pela Frente Comum estão a exigência de aumentos salariais imediatos, a fixação de limites máximos dos preços de bens e serviços, a valorização das carreiras e o reforço dos serviços públicos.

No setor da educação, a Federação Nacional dos Professores (Fenprof) anunciou esta semana que os professores e educadores vão participar na greve, enquanto os trabalhadores não docentes estão cobertos pelo pré-aviso da Frente Comum.

Para sábado está prevista a realização de uma manifestação nacional, em Lisboa, promovida pela CGTP, pelo aumento geral dos salários e das pensões face à subida do custo de vida.

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