A Federação Nacional dos Médicos (FNAM) acusa o ministro da Saúde, Manuel Pizarro, de continuar a evitar o diálogo com os médicos, depois de o Ministério ter cancelado a reunião agendada para esta quinta-feira, dia 16 de março. A estrutura sindical diz que continua "empenhada" em "negociações sérias" e na luta pelo Serviço Nacional de Saúde (SNS).
"É incompreensível que o Ministro da Saúde, Manuel Pizarro, continue a evitar o diálogo com os médicos", refere a FNAM.
Em comunicado, salienta que tinha pedido a presença de Manuel Pizarro na reunião "como sinal de boa-fé e de forma a dar um novo impulso ao processo negocial":
"Infelizmente, o Ministro da Saúde prefere não dialogar com os médicos, desmarcando reuniões atrás de reuniões – esta é já a terceira reunião consecutiva que é desmarcada".
"Um ministro que não os quer ouvir está a prestar um mau serviço ao país", defende ainda a estrutura sindical.
Além da reunião de quinta-feira, estava já agendado um outro encontro para 31 de março, que se mantém.
A Federação Nacional dos Médicos diz estar empenhada em “negociações sérias” e na luta pelo SNS e pelas condições de trabalho dos médicos.
Ministério garante que negociação se mantém
O Ministério da Saúde garantiu que "a negociação com a FNAM se mantém", mas adiantou que "foi acordada uma alteração do seu formato para um modelo remoto", tendo em conta a "natureza técnica das matérias agendadas e a necessidade de densificar o trabalho sobre temáticas como a parentalidade e os ciclos de trabalho na urgência", antes de se retomar o modelo habitual e previamente calendarizado.
"A reunião agendada para dia 31 de março será realizada presencialmente, conforme anteriormente combinado", assegurou fonte do ministério à Lusa.
Greve dos médicos
Na semana passada, os médicos estiveram em greve durante dois dias para exigir a valorização da carreira e das tabelas salariais. Esta greve foi convocada pelos sindicatos que integram a Federação Nacional dos Médicos.
Os sindicatos e o Governo estão em negociações, mas ainda não há acordo após várias reuniões inconclusivas.
O protocolo negocial estabelecido entre as duas partes prevê que as negociações decorram até junho, mas os dois sindicatos têm exigido medidas estruturais urgentes.
Na passada quarta-feira, houve também uma manifestação junto ao Ministério da Saúde, em Lisboa. Além dos médicos da região de Lisboa e Vale do Tejo, vieram também mais de cinco autocarros do norte do país. Este protesto não contou com o apoio do Sindicato Independente do Médicos (SIM), considerando que não se justificava enquanto decorrem negociações com o Governo.
Os sindicatos têm exigido medidas estruturais urgentes e melhores condições de trabalho para permitir fixar e captar mais médicos para o SNS.
Reivindicações da FNAM
A renegociação da carreira médica e da respetiva grelha salarial, que inclua um horário base de 35 horas, está entre as reivindicações da FNAM.
A estrutura sindical pretende também a revisão das normas de organização e disciplina do trabalho médico, a reposição dos 25 dias úteis de férias por ano e dos cinco dias suplementares, quando forem gozados fora da época alta e a redução do tempo normal de trabalho no serviço de urgência das 18 para as 12 horas.