O diretor executivo do Serviço Nacional de Saúde (SNS) está a ser ouvido, esta quarta-feira, no Parlamento. Fernando Araújo referiu que “mudar a forma de gerir os recursos humanos" é "a reforma mais importante" a realizar para evitar a saída de médicos qualificados.
“Gerir os mais de 150 mil profissionais sem incentivos à produtividade, qualidade ou eficiência, como fazíamos há 50 anos, traduz-se no abandono do SNS dos quadros mais qualificados”, disse na Comissão Parlamentar da Saúde, onde foi ouvido a pedido do PCP e do Chega.
Fernando Araújo reconheceu que uma das grandes vulnerabilidades do SNS é a escassez de recursos, mas sublinhou que, ainda assim, o número de profissionais tem aumentado.
A este nível, apontou um crescimento -- com dados de janeiro -- de 472 médicos especialistas, 807 enfermeiros e 110 técnicos superiores de diagnóstico e terapêutica e assistentes técnicos.
"Se me pergunta se chegam? Não chegam, precisamos de mais e precisamos sobretudo de modelos e formas de organizar os recursos humanos", disse o diretor executivo do SNS, assumindo que "um dos grandes desafios" é precisamente "mudar a forma de gerir os recursos humanos".
Listas de espera aumentam mais de 20% porque procura cresceu
O diretor executivo do SNS revelou também que as listas de espera têm aumentando no serviço público porque a procura cresceu mais de 20%, enquanto a produção subiu entre 8% e 10%.
"A procura tem aumentado de forma extremamente expressiva", disse Fernando Araújo.
O responsável sublinhou o esforço dos profissionais de saúde, dizendo que estes "têm feito um esforço enorme que permitiu aumentar a produção", exemplificando com dados referentes a janeiro deste ano e que indicam que aumentaram em 8% as consultas médicas hospitalares e em 15% as cirurgias, quando comparadas com os valores de janeiro do ano passado.
Segundo Fernando Araújo, em janeiro foram realizadas 1.226.000 consultas hospitalares e 71.682 cirurgias, um "recorde de sempre" na produção.
Reconhecendo que "não é suficiente", o responsável acrescentou: "Significa que temos de avançar de forma profunda na autonomia das decisões, com responsabilidade e prestação de contas".