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Dúvidas estão esclarecidas. É assim que vai funcionar a "nova" Netflix

A SIC Notícias falou com a Netflix Portugal para esclarecer as dúvidas deixadas pelo comunicado que anunciou a nova funcionalidade: o fim da partilha gratuita de contas. Saiba porquê, como e todos os passos que tem de seguir, caso seja subscritor.

Plataforma Streaming Netflix
DADO RUVIC/Reuters

Maria Madalena Freire

A Netflix anunciou o fim da partilha de contas de forma gratuita, obrigando a que todos os utilizadores vivessem na mesma residência. No entanto, o comunicado deixou muitas dúvidas, nomeadamente sobre o como e o porquê desta nova funcionalidade.

Em resposta à SIC Notícias, a Netflix Portugal tentou preencher os espaços deixados em branco no comunicado de dia 8 de fevereiro, em que anunciou o fim da partilha de contas de forma gratuita.

"Na Netflix, sempre tentámos facilitar a partilha da conta entre pessoas que vivem na mesma casa, por isso oferecemos funcionalidades, como perfis diferentes e a possibilidade de ver a Netflix em vários ecrãs em simultâneo", explicam.

No entanto, a empresa diz que esta funcionalidade pode ter gerado "alguma confusão" nas pessoas, ao pensarem que podiam partilhar as suas contas com outros membros que não os da mesma residência.

"Apesar do sucesso das mesmas, estas funcionalidades geraram alguma confusão sobre quando e como a Netflix pode ser partilhada. Hoje, mais de 100 milhões de residências partilham contas — o que impacta a nossa capacidade de investir em séries e filmes de grande qualidade", evidenciam.

Mas esta confusão pode ter sido mesmo causada pela Netflix que, em 2017, afirmou no Twitter: "Amor é partilhar uma palavra-passe".

“Os Termos de Utilização do serviço sempre contemplaram que as contas Netflix se destinam a ser partilhadas com pessoas que vivem com o titular da conta [ou seja, na mesma residência]. Não houve qualquer alteração a este respeito”.

As razões financeiras são a resposta ao porquê, algo que já não era desconhecido pelos últimos tempos em que a plataforma tem vindo a cancelar muitas séries e havendo outros serviços de streaming cada vez mais competitivos.

A Netflix sabe a nossa localização?

O que fica então estabelecido é que, para se aceder à conta, tem de se fazer o login num só endereço IP, a mesma rede Wi-Fi, acabando por ser então um serviço fixo, que pode ser visto em vários ecrãs em simultâneo.

Mas como é que a plataforma controla isso?

"Utilizamos informações tais como endereços IP, IDs de dispositivos e atividade da conta a partir de dispositivos conectados à conta de Netflix - as mesmas informações que utilizamos para fornecer o nosso serviço, com as quais os subscritores concordam quando se registam na Netflix. Não recolhemos dados de GPS para tentar determinar a localização física exata dos seus dispositivos.", esclarecem.

Desta forma, deixa de haver famílias que vivem separadas, ou estudantes universitários que precisam de estar fora da sua residência, com a possibilidade de ter a mesma conta com perfis diferentes.

Mas e quando viajamos? Não teremos acesso à conta?

A empresa explica que sim, dentro de um certo período de tempo e com alguns passos a serem tidos em conta.

"Para tornar as deslocações simples e sem problemas, os subscritores que têm uma segunda residência ou que viajam frequentemente para o mesmo local, devem abrir a aplicação da Netflix nos seus dispositivos móveis enquanto estão ligados à rede WiFi na sua localização principal uma vez por mês, e depois quando chegam à segunda localização.", explicaram.

E como definimos a residência principal?

A Netflix explica que "os subscritores irão receber gradualmente detalhes das novas formas de partilhar a Netflix, convidando-os a definir a sua localização principal".

"Os subscritores têm até 21 de fevereiro para estabelecer a sua localização principal. Os dispositivos que não fazem parte de uma residência ou localização principal, eventualmente, acabarão por ver uma mensagem no produto após essa data", avisam.

Como chegamos aqui?

Antes de dia 8 de fevereiro, a plataforma nos Estados Unidos da América anunciou que ia implementar esta nova funcionalidade no país. A decisão foi tão contestada nas redes sociais, que a empresa recuou.

Apesar das contestações dos portugueses nas redes sociais, também Portugal, Espanha, Canadá e Nova Zelândia vão ser as novas 'cobaias' da plataforma.

O desagrado dos subscritores portugueses não parece ser motivo de preocupação dado que não responderam à SIC Notícias quando colocámos a hipótese de o número de cancelamentos de subscrição aumentar.

Da mesma forma, a SIC Notícias tentou averiguar se esta nova funcionalidade não vem prejudicar ainda mais as finanças dos portugueses, tendo em conta o aumento do custo de vida. A Netflix não respondeu.

Neste momento, os pacotes que a Netflix oferece são:

  • “Base” custa 7,99€ por mês (apenas um dispositivo)
  • "Standard" custa 11,99€ por mês (dois ecrãs em simultâneo)
  • "Premium" custa 15,99€ por mês (quatro ecrãs em simultâneo)

As dúvidas (que ficam) e a concorrência

Apesar das respostas da plataforma, restam algumas dúvidas. Se esta condição de partilhar a conta apenas com pessoas da mesma residência sempre foi a política da empresa, então porque é que esta nova funcionalidade vai ser apenas implementada em quatro países e não em todos onde a plataforma está presente?

Para além da Netflix, Portugal tem acesso a outras plataformas de streaming como:

A diferença? Todas as outras deixam partilhar contas em diferentes residências e por tempo ilimitado.

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