A Federação Nacional de Professores (Fenprof) espera esta tarde uma manifestação idêntica à de 2008, que, segundo os sindicatos, juntou cerca de 120 mil pessoas no Marquês do Pombal, em Lisboa. Há 15 anos, um dos pontos de contestação era a avaliação dos professores e a ministra da Educação era Maria de Lurdes Rodrigues, o Governo era do PS e liderado pelo primeiro-ministro, José Sócrates.
São vários os autocarros já estacionados nas imediações da praça do Marquês de Pombal, onde professores de todo o país que vão participar na manifestação nacional estão já a concentrar-se para uma marcha que vai descer a Avenida da Liberdade e continuar até ao Terreiro do Paço.
Ao som de apitos e bombos, e acompanhados por um grande dispositivo policial, os manifestantes que já chegaram estão a organizar-se para a marcha que deverá arrancar cerca das 15:30, empunhando faixas, bandeiras e t-shirts que servem de tela para as suas reivindicações.
As duas últimas grandes manifestações em Lisboa aconteceram em janeiro e foram organizadas pelo S.TO.P., levando milhares de docentes para as ruas gritar por "Respeito" e "Melhores Condições de Trabalho".
No início do ano letivo, a tutela decidiu iniciar um processo negocial para rever o modelo de contratação e colocação de professores, mas algumas propostas deixaram os professores revoltados, como foi o caso da possibilidade de os diretores poderem escolher parte da sua equipa.
Dos distritos de Aveiro e Coimbra saíram 32 autocarros esta manhã com professores rumo à manifestação desta tarde em Lisboa. Milhares que se vão reunir aos que vêm de outros pontos do país naquele que pode ser o maior protesto que a classe profissional já fez.
Também do Algarve partiram 25 autocarros com um número recorde de 1.500 docentes confiantes em recuperar todo o tempo de serviço.
Pode o Governo ir mais longe na negociação?
No Expresso da Meia-Noite da SIC Notícias, na véspera desta manifestação, o deputado socialista Porfírio Silva deixou no ar uma esperança.
O socialista admite que o Governo pode ir mais longe nas negociações com os professores. “Identificámos dois problemas específicos dos professores e que se não resolvermos isso não vamos de facto resolver nada. O que queremos transformar foram respostas mais ou menos pontuais, muitos professores que vincularam [fizeram-no] em vinculações extraordinárias e é preciso encontrar um mecanismo permanente para isso", destacou.
“Agora haverá outras questões além dessas que têm também de ser resolvidas. (…) [Agora] mão concebo que um Governo comece uma negociação e só esteja disponível a fazer aquilo que propõe inicialmente. Acredito que haja do lado do Governo margem para ouvir as coisas e ver que outras coisas podem ser feitas”, afirmou Porfírio Silva.
Na próxima semana estão agendadas novas reuniões com o ministro da Educação, mas a Fenprof promete desde já continuar a lutar se não existirem avanços nas negociações.
[Artigo atualizado pela última vez às 19:07]