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Crise política, TAP e buscas na Câmara de Lisboa: António Costa esclarece polémicas

O primeiro-ministro garante que “mantém a confiança os ministros em funções”, diz ter ficado “tão surpreendido” quanto Pedro Nuno Santos ao descobrir que o ex-ministro, afinal, sabia da indemnização e garante que a crise politica "está ultrapassada”.

Filipa Traqueia

O primeiro-ministro diz ter ficado “tão surpreendido” como Pedro Nuno Santos com o anúncio do ex-ministro das Infraestruturas, de que tinha autorizado a indemnização da TAP a Alexandra Reis. António Costa reafirmar que o Ministério das Finanças não sabia e que o caso está sob investigação. Sobre a crise no Governo, Costa admite que é uma “situação que ninguém deseja”, mas considera estar “ultrapassada”.

António Costa garante que o polémico caso da indemnização de meio milhão, paga pela TAP a Alexandra Reis, já não tem “nada de novo a acrescentar”. Sublinha que ficou “tão surpreendido como o próprio Pedro Nuno Santos” com o comunicado do ex-ministro. Pedro Nuno Santos admitiu não só ter sabido da indemnização, como ter dado autorização à mesma.

Costa reforça novamente que Fernando Medina, ministro das Finanças, “não sabia” do caso: “É um ponto sobre o qual não vale a pena haver qualquer tipo de insistência”, afirma.

“O ministro das Infraestruturas já disse que não comunicou ao Ministério das Finanças, a TAP já disse que não comunicou ao Ministério das Finanças, porque presumia que o ministro das Infraestruturas o fizesse. O então ministro das Finanças, João Leão, já veio publicamente dizer que desconhecia, o então secretário de Estado, Miguel Cruz, já veio dizer que desconhecia. Já toda a gente sabe que não houve qualquer tipo de informação ao Ministério das Finanças”, afirma.

O primeiro-ministro destaca que o caso está a ser investigado pela Inspeção-Geral da Finanças e avança que o relatório deverá ser conhecido já no início de fevereiro.

Costa mantém confiança em João Gomes Cravinho após polémica

João Gomes Cravinho, atual ministro dos Negócios Estrangeiros e antigo ministro da Defesa, disse que teria tido conhecimento que o valor das obras ao antigo hospital militar iriam ultrapassar o orçamento. Costa afirma que mantém a confiança “nos membros do Governo em funções” elogiou o ministro por dizer a verdade.

“Tomei nota que o ministro disse que voltará à Assembleia da República e dará todos os esclarecimentos que houve a prestar”, disse o primeiro-ministro. “Eu não acharia normal que um ministro mentisse sobre aquilo que sabe ou não sabe. Se diz a verdade é de louvar”, acrescenta.

António Costa voltou a frisar a importância de ter estabilidade governativa, focando-se na “mensagem clara” dos portugueses nas eleições de 30 de janeiro de 2022, ao darem uma maioria absoluta ao PS.

A mensagem mais clara que os portugueses deram nas eleições de 30 de janeiro é que querem estabilidade. Querem um Governo que governe e que se concentre no que é a sua função”, afirma, sublinhando que esta estabilidade é agora “mais necessária do que nunca”.

O primeiro-ministro não vê “necessidade nenhuma de haver um novo Governo” e recusa a proposta de André Ventura, líder do Chega, que desafiou o Presidente da República a dissolver o Governo e convidar Costa a formar um novo Executivo.

Crise política é “fase que está ultrapassada”

Depois de mais de uma dezena de demissões em menos de um ano, António Costa reconhece que o Governo atravessou “situações que ninguém deseja” e pelas quais lamenta.

“Já disse aos portugueses que lamento profundamente um sinal de menor foco e concentração do Governo nas suas atividades, mas creio que é uma fase que está ultrapassada”, afirma.

O primeiro-ministro diz que a demissão dos ministros e secretários de Estado teve “motivos diversos”, destacando que as mais recentes situações foram motivadas “por situações da sua vida anterior ou até da vida de familiares” e não “por qualquer atividade que tenham praticado enquanto membros do Governo”.

Costa mostrou-se orgulhoso por ter mantido governantes durante longos períodos em diferentes tutelas – o que, segundo o próprio, permitiu “assegurar a continuidade de políticas” –, mas afirma que a estabilidade, apesar de ser “um valor importante”, “não é um valor em si”.

Quando questionado sobre a sugestão de Marcelo Rebelo de Sousa para aplicar o novo questionário aos atuais ministros e secretários de Estados, Costa recusou essa proposta. Garante que os atuais governantes “já passaram por todo o escrutínio” e já “apresentaram todas as declarações públicas que têm de apresentar, quer à Assembleia da República, quer ao Tribunal Constitucional”.

“O escrutínio está feito”, garante António Costa.

Buscas na câmara de Lisboa: Costa diz que Medina “não é arguido”

Em relação às buscas na Câmara de Lisboa, António Costa garante estar de “consciência tranquila” quanto ao seu mandato. O primeiro-ministro diz ainda que Fernando Medina “não é arguido” no processo.

“Não temo nada. Fui presidente de Câmara durante oito anos, estive e saí da câmara com a minha consciência absolutamente tranquila”, afirma o primeiro-ministro, reforçando que “se há alguma investigação a fazer, que façam a investigação toda”.

A Polícia Judiciária realizou buscas na Câmara de Lisboa devido a suspeitas de corrupção que remontam a 2015, ano em que Fernando Medina era autarca da capital. Costa sublinha que o atual ministro das Finanças não é arguido no caso.

“Eu não conheço qualquer envolvimento do ministro em buscas nenhuma”, afirma Costa. “Sei que não é arguido, não foi ouvido nesse processo e, se for, será. Porque ninguém está acima da lei”, garante.

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