O Presidente da República alertou que, nos próximos dias, se irá atingir "um pico" no risco de incêndios, com um "agravamento" a partir de terça-feira que pode durar entre três e quatro dias.
"Temos sobretudo, nos próximos dias, um pico, se quiserem, isto é uma situação muito mais grave do que a que corresponde à situação, já complicada, no período dito de verão", afirmou Marcelo Rebelo de Sousa.
Marcelo afirmou que, dentro do pico dos próximos dias, é possível dividir o risco de incêndios "em duas fases": uma entre este domingo e segunda-feira, e outra a partir de terça-feira, que poderá durar "um número de dias variável, entre três e quatro".
"Quando se fala em domingo e amanhã [segunda-feira], estamos numa situação que é grave, que pode dar a situação amanhã, porventura, de um aparente desagravamento, e que pode ser ilusório, no sentido de levar as pessoas a facilitar na sua reação, quando há dados que permitem apontar para um agravamento no dia seguinte", advertiu.
O chefe de Estado referiu que, na fase que irá durar até segunda-feira, "ainda não há os ventos que se teme" virem a existir "com uma intensidade que não tem existido até agora" a partir de terça-feira.
Marcelo referiu ainda que "a mancha abrangida" pelos incêndios neste momento "é uma", na segunda-feira "será mais ou menos a mesma, mas, em princípio, poderá aumentar de forma drástica" a partir de terça-feira, "cobrindo todo o território nacional, menos uma faixazinha no litoral norte".
"Portanto, é isso que leva a dizer que possa haver a partir de dia 12, incluindo dia 12, não só um alargamento da extensão da área de risco, como dos fatores de risco (...) [com] elevadas temperaturas que podem subir então -- nomeadamente as máximas - e a humidade baixa que pode agravar-se então, baixando essa humidade, [a] somar-se uma intensidade dos ventos não necessariamente verificáveis hoje e amanhã", sublinhou.
O Presidente da República deixou assim um apelo: "É preciso neste momento, perante este pico, fazer tudo para que o saldo final, no termo destes dais, desta semana, seja um saldo que seja o mais positivo possível e não o mais negativo possível. É este esforço que temos todos que fazer".
O climatologista e professor Carlos Câmara alertou, este domingo de manhã na SIC Notícias, que na próxima semana se vão registar fatores como "nunca viu numa análise de 40 anos de dados". Mostrou-se "nada otimista" em relação às previsões e explicou que em "termos potenciais será pior" em relação à altura dos incêndios de Pedrogão Grande e de 15 de outubro de 2017.
Em algumas zonas do país, o grau de predisposição para que haja grandes incêndios é o maior dos últimos 40 anos. A estatística revela uma situação de risco nunca antes vista.
Marcelo considera que "não há comparação" entre preparação atual e de 2017
O Presidente da República considerou que "não há comparação" entre a preparação atual no combate a incêndios e a de 2017, afirmando que, hoje em dia, a "informação disponível é muito melhor do que jamais foi".
Em declarações aos jornalistas na sede da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil, em Carnaxide, Oeiras (Lisboa), depois de participar na reunião do Centro de Coordenação Operacional (CCON), Marcelo Rebelo de Sousa foi questionado se considera que Portugal está mais bem preparado para lidar com os incêndios do que em 2017, quando ocorreu a tragédia de Pedrógão Grande.
"Isso não tem comparação. Quando eu recordo 2017, e recordo a realidade que existia em termos de estruturas de informação que havia - e havias muitas já - mas esta é mais sofisticada: de entidades envolvidas, de coordenação de entidades... Não há comparação", respondeu o Presidente da República.
Marcelo sublinhou que a "informação hoje disponível é muito melhor do que jamais foi, muito melhor em todos os domínios".
"Sabemos mais e conhecemos melhor: isto permite prever melhor, planear melhor e prevenir melhor. (...) Hoje é possível acompanhar, mais do que nunca, minuto a minuto, em todo o território nacional e nomeadamente território continental", referiu.
O chefe de Estado considerou que "não há dúvida" que se "aprendeu muita coisa" com os incêndios de 2017, ressalvando, no entanto, que nunca se aprenderá tudo e que é "preciso aprender muito mais nesta realidade".