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PSD: Moreira da Silva afasta diálogo com Chega e promete “não dar descanso” a António Costa

Jorge Moreira da Silva promete refundar o PSD e ser um “adversário enérgico” contra Costa e o seu Governo. Sobre o Chega, afastou desde já qualquer aproximação ou diálogo.

Apresentando-se como o militante social-democrata que “está em melhores condições” de “renovar o PSD”, Jorge Moreira da Silva oficializou esta quarta-feira a candidatura à liderança do partido. Desde já anunciou cinco compromissos, deixou um recado ao único adversário Luís Montenegro e afastou qualquer diálogo com “forças populistas e extremistas”. Ao primeiro-ministro e ao Governo, Moreira da Silva prometeu: “Não lhes daremos descanso”.

À hora marcada, e cerca de uma semana depois de ter confirmado que disputará as eleições diretas de 28 de maio, Jorge Moreira da Silva apresentou a sua candidatura à liderança do PSD, num espaço em Monsanto (Lisboa).

É (…) chegada a hora de renovar o PSD, de reformar a política e de liderar o crescimento sustentável em Portugal. Considero que sou o militante que está em melhores condições de protagonizar esse desígnio”, afirmou Moreira da Silva, perante uma plateia reduzida, onde só estava a mulher, o filho mais velho e “um amigo há mais de 30 anos”, Miguel Goulão.

De seguida, o antigo vice-presidente do PSD elencou cinco compromissos, sendo o primeiro “atualizar as linhas programáticas do PSD e clarificar natureza do relacionamento com os outros partidos”.

Recordando que, “em tempo útil” alertou, ainda que “de forma praticamente isolada”, para “os riscos de ambiguidade na relação com o Chega”, ao pedir um Congresso extraordinário quando o PSD fez um acordo com este partido nos Açores, Moreira da Silva deixou desde já uma garantia.

“O resultado das eleições legislativas confirma que tinha razão. Lamento que, em 2020, muitos tenham ficado convenientemente calados e, ainda pior, venham agora definir o PSD como ‘a casa comum dos não socialistas’”, afirmou, num recado ao adversário interno Luís Montenegro, que na apresentação da candidatura disse querer fazer do PSD a casa-mãe do espaço não socialista.

Comigo, não. Na casa do PSD não cabem racistas, xenófobos e populistas”, afirmou, assegurando que não admitirá “em qualquer circunstância dialogar e negociar com forças populistas e extremistas”.

No que diz respeito a diferenças para com o PS, Moreira da Silva defendeu que “mais do que uma estéril e obsoleta discussão sobre o posicionamento do PSD como um partido de centro ou um partido de direita, é fundamental, num contexto em que o país tem sido liderado por forças conformistas, posicionar o PSD como o espaço amplo que une todos os reformistas e que agrega social-democratas e liberais-sociais”.

“[Um PSD] que se distingue do PS, pela vocação reformista, pela valorização da iniciativa privada, pelo reconhecimento do mérito, pela defesa de um Estado – transparente e eficiente – que sirva os cidadãos e que tenha uma dimensão compatível com o nível de impostos que é aceitável cobrar e com os limites da sustentabilidade da dívida”, afirmou.

E, por outro lado, acrescentou, um PSD que se distingue de outros partidos à direita com representação parlamentar “por não ser um partido de nicho, com reservas quanto ao combate às alterações climáticas e ao papel essencial do Estado na provisão de serviços universais na saúde e na educação”.

Se vencer, deixa uma promessa

Se for eleito presidente do PSD nas diretas de 28 de maio, Moreira da Silva promete apresentar um Governo-sombra no Congresso do partido em julho, assumindo assim “uma oposição firme, inconformista, criativa e reformista ao governo socialista””.

Seguindo o modelo inglês, constituirei um verdadeiro governo-sombra cuja composição, se eleito, apresentarei no Congresso do dia 4 de julho, no qual incluirei, obviamente, pessoas que não me venham a apoiar nesta eleição interna”, garantiu.

E deixou, desde já, um aviso ao Governo socialista: “Ficam os ministros e os secretários de Estado do governo socialista a saber que, a partir de agora, terão uma marcação direta por parte dos ministros sombra e dos secretários de Estado sombra do PSD”.

“E fica António Costa a saber que terá em mim um adversário enérgico. Não lhes daremos descanso, em nome do mandato que os portugueses nos conferiram”, assegurou, considerando que “tanto no governo como na oposição se serve o interesse comum”.

COM LUSA

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