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Comissão que investiga abusos sexuais na Igreja recebeu 290 denúncias em três meses

Há mais homens do que mulheres entre os denunciantes.

A Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais Contra as Crianças na Igreja Católica Portuguesa recebeu 290 denúncias em três meses, anunciou esta terça-feira a socióloga Ana Nunes de Almeida. Dezasseis casos já foram remetidos ao Ministério Público.

De acordo com a comissão, os testemunhos individuais validados pertecem a homens e mulheres, de todas as regiões do país e de todos os grupos etários. As vítimas que apresentaram denúncias nasceram entre 1934 e 2009, tendo os abusos ocorrido quando tinham entre 2 a 17 anos.

Ana Nunes de Almeida disse ainda que as 290 denúncias são apenas a ponta do icebergue e que o número de crianças e adolescentes em causa atinge um número muito superior.

O coordenador da comissão, Pedro Strecht, afirmou que já foi possível identificar indícios de encobrimento e ocultação de casos de abuso sexual por parte da hierarquia da Igreja Católica — incluindo da parte de bispos ainda hoje no ativo.

A comissão solicitou reuniões aos 21 bispos portugueses, sendo que onze entrevistas já se realizaram e uma está agendada para amanhã. Cinco bispos não responderam aos responsáveis pelo estudo.

A recolha de denúncias de pessoas que sofreram abusos enquanto eram menores decorre até ao final do ano. O objetivo é fazer um relatório para entregar à Conferência Episcopal Portuguesa.

As denúncias e testemunhos podem chegar à comissão através do preenchimento de um inquérito online em darvozaosilencio.org, através do número de telemóvel +351917110000 (diariamente entre as 10:00 e as 20:00), por correio eletrónico, em geral@darvozaosilencio.org e por carta para “Comissão Independente”, Apartado 012079, EC Picoas 1061-011 Lisboa.

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