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Dez chefes de equipa da urgência cirúrgica do Hospital Santa Maria demitem-se

Em causa está a falta de médicos para preencher as equipas do bloco operatório.

MÁRIO CRUZ

SIC Notícias

Dez chefes de equipa dos serviços de urgência do Hospital de Santa Maria apresentaram a demissão esta quarta-feira. A degradação dos serviços e as horas extraordinárias estão na origem desta decisão, que entrará em vigor no dia 22 de novembro.

Na carta, a que a SIC teve acesso, os clínicos deram um prazo de 12 dias para permanecerem em funções.

Em causa está a falta de médicos para preencher as equipas do bloco operatório. Os médicos internos recusam-se a fazer mais horas extraordinárias para além das 150 horas anuais obrigatórias. Há casos de clínicos que no último ano fizeram mais de 1.000 horas, muitas sem serem pagas.

Contactada pela SIC, a administração do Santa Maria confirma ter recebido a carta e garante abertura para encontrar soluções para a organização do serviço. O Conselho de Administração do hospital informa ainda que já agendou reuniões com os respetivos serviços para o início da próxima semana.

"O Conselho de Administração do CHULN mostra total abertura e empenho na melhoria das questões identificadas, tendo já agendado reuniões com os respetivos serviços para o início da próxima semana para lhes dar rápida resposta", refere no comunicado enviado às redações.

As equipas em questão mantêm-se em funções e o Serviço de Urgência Central continua a funcionar com toda a normalidade, assegura o Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte.

O Sindicato Independente dos Médicos (SIM), à Lusa, explicou que há vários meses" que os profissionais de saúde têm chamado a atenção para "a insuficiência das equipas, não só a nível do serviço de urgência como também no próprio serviço".

"É um quadro envelhecido" que se agravou nos últimos meses com a saída de profissionais, que entretanto se reformaram, e não têm conseguido contratar médicos, adiantou o secretário-geral do Sindicato Independente dos Médicos, Jorge Roque da Cunha.

O dirigente do SIM salientou que "a falta de investimento que ocorre neste momento no Serviço Nacional de Saúde faz com que não haja condições para disponibilidade de bloco", além de falta de anestesistas e dos "próprios materiais" devido aos "atrasos que são conhecidos de pagamentos para este tipo de produtos".

"Este grito de alerta é no sentido de exigir mais investimento no Serviço Nacional de Saúde", vincou o dirigente sindical.

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