A imagem foi captada numa oficina na zona centro, onde está instalada uma velha betoneira que serve agora os intuitos de quem pretende recuperar os troncos queimados. O aparelho munido de um tambor rotativo utilizado habitualmente para fabricar betão, misturando os seus componentes, pode agora ter outros fins. A rotação da máquina serve para retirar o revestimento mais carbonizado e aproveitar o interior.
De acordo com o EFFIS - Sistema do Centro de Investigação Comum da Comissão Europeia, desde o início do ano até dia 17 arderam em Portugal quase 520 mil hectares de terreno, mais de 240 mil foram consumidos só durante os incêndios deste fim de semana.
Os dados disponibilizados pelo EFFIS, que apresentam as áreas ardidas cartografadas em imagens de satélite, indicavam que só na zona do Pinhal Litoral arderam no domingo e na segunda-feira mais de 11 mil hectares.
Desde os fogos de Pedrógão Grande, que o preço pago pela madeira continua a descer, e os proprietários que se recusam a vender a madeira, à espera de um aumento do preço, arriscam-se a que possa apodrecer com as chuvas e deixe de ter qualquer valor no mercado.
Para travar o preço da madeira queimada, o Governo decidiu avançar com o sistema simplificado de cotações de mercado de produtos florestais.
"É muito importante saber a evolução das cotações de mercado, particularmente da madeira queimada", disse à agência Lusa no início deste mês o secretário de Estado das Florestas, após uma reunião com a Plataforma de Acompanhamento das Relações nas Fileiras Florestais.
Miguel Freitas explicou que o Executivo pretende avançar "brevemente com legislação para a obrigatoriedade de entrega da declaração de corte ou arranque de árvores e espécies florestais destinadas à comercialização e autoconsumo para transformação industrial".
Não existe ainda em Portugal nenhuma organização que faça a comercialização de produtos florestais e, segundo o secretário de Estado, o Ministério visa reduzir "os valores mínimos de produção comercializada necessária para a constituição e reconhecimento dessas organizações de produtores".
Com uma área florestal ardida de tão esmagadora dimensão, a indefinição permite a criação de esquemas e estratagemas para o escoamento da madeira queimada. Situação polémica que levanta muitas questões, nomeadamente sobre os interesses que podem existir para que os fogos consumam a floresta portuguesa, em especial na zona centro.