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Incêndios obrigam municípios a decretar planos de emergência

Várias zonas do país têm sido fustigadas pelos fogos, que não têm deixado as forças policiais e a população descansar. Os planos de emergência têm sido decretados em concelhos de vários distritos, como Aveiro, Viseu e Coimbra.

PAULO CUNHA

Segundo a página da Internet da Autoridade Nacional da Proteção Civil, pelas 8:30 havia 21 incêndios importantes e eram os que mais meios mobilizava.

Em Aveiro já foi decretado o Plano Distrital de Emergência, com dois incêndios ativos, em Oliveira do Bairro e na vila de Vagos.

Em Lousã, no distrito de Coimbra, vários incêndios lavram desde domingo, tendo o município anunciado o Plano Municipal de Emergência.

O incêndio em Pataias e Martigança, em Alcobaça, começou ao início da tarde de domingo e alastrou a outros municípios. O fogo estava a ser combatido, ao início da manhã, por 350 bombeiros, apoiados por 104 veículos e obrigou a ativar o Plano Distrital de Emergência de Leiria e o Plano Municipal de Emergência de Alcobaça.

Também a preocupar os bombeiros são os incêndios do Sabugueiro, em Seia (Guarda), que lavra em quatro frentes e mobiliza 299 operacionais e 91 veículos, e o fogo que deflagrou no início da manhã de domingo em Macieira de Cambra, Vale de Cambra (Aveiro), que está a ser combatido por 295 bombeiros, apoiados por 94 veículos.

No domingo, a meio do dia, deflagrou o incêndio que lavra em duas frentes na freguesia de Ermida e Figueiredo, na Sertã (Castelo Branco) e está a ser combatido por 227 homens, apoiados por 73 veículos.

Com mais de uma centena de bombeiros no terreno cada, lavram ainda os incêndios de Sandomil, no concelho de Seia (Guarda), que tem quatro frentes ativas e obrigou ao corte da Estrada nacional 17, e o que começou na localidade de Merufe, Monção (Viana do Castelo), que tem duas frentes ativas e obrigou ao corte da Estrada Municipal entre Longos Vales para Merufe.

Também mobilizavam ao início da manhã mais de uma centena de bombeiros cada os fogos de Arganil, em Coimbra, que obrigou a ativar o Plano Distrital de Emergência de Coimbra, o de São Mamede, na Batalha (Leiria), que deflagrou no domingo à noite, e o de Campia, em Vouzela, no distrito de Viseu, ativo em três frentes.

Nas ocorrências importantes e com mais de uma centena de bombeiros no terreno estão os incêndio de Quiaios, na Figueira da Foz, em Viseu, que levou as autoridades a ativarem tanto o Plano Distrital de Emergência de Coimbra como o Plano Municipal de Emergência De Mira, e o de Oiã, Oliveira do Bairro (Aveiro), com duas frentes ativas e que obrigou a ativar o Plano Distrital de Emergência de Aveiro.

O Plano Municipal de Emergência foi ativado hoje, em Viseu, tendo sido abertos dois centros de acolhimento para assistir os afetados pelos fogos, anunciou a Câmara Municipal de Viseu. O plano foi ativado pelas 4:00 por decisão do presidente do município, indicou a câmara através de um comunicado divulgado na página da rede social Facebook.

O Plano Municipal de Emergência de Braga foi ativado durante a madrugada de hoje, depois de uma reunião da comissão municipal de Proteção Civil, disse à Lusa fonte da proteção civil no município.

A mesma fonte adiantou também que o posto de comando de operações está a ser deslocalizado para a zona do Sameiro e que em termos de feridos, "felizmente, não há nada a registar". Neste momento, estão cortadas as estradas "da Falperra e do Bom Jesus", além de "poder haver uma ou outra condicionadas".

O vereador da Proteção Civil em Braga negou também os rumores que apontavam para a evacuação de um hospital privado e uma pensão ardida, explicando que "o fogo andou sempre longe do hospital", apesar de terem colocado "um meio perto das imediações" do mesmo.

A Câmara de Braga anunciou o Plano Municipal de Emergência, por volta das 10h00, devido ao prolongamento, por mais algum tempo, de "condições favoráveis à ocorrência de incêndios florestais", mas também por causa da perspetiva de enxurradas após as anunciadas chuvas.

Considerando a situação de incêndios de "gravidade acima no normal", a autarquia explica, em comunicado, que a medida surge porque ainda há "condições favoráveis à ocorrência de incêndios florestais" e, a outro nível, devido "à previsibilidade da ocorrência de precipitação que, face às condições atuais dos solos, possibilitará o arrastamento de materiais sólidos".

"Considerando que a situação presente implica a adoção de medidas especiais nos termos previstos no Plano Municipal de Emergência, foram acionados os agentes de Proteção Civil da área do Município necessários aos trabalhos para a resolução da ocorrência, sem prejuízo das decisões tomadas pelo comandante das Operações de Socorro. Foram ainda acionadas todas as entidades e pessoas com especial dever de colaboração nos termos de mesmo Plano", pode ler-se no comunicado.

A autarquia bracarense avisa ainda que "por motivos de segurança, a via da Falperra e a via de acesso ao Bom Jesus e ao Sameiro encontram-se encerradas total ou parcialmente, para trabalhos de limpeza e manutenção das estradas e remoção de árvores caídas".

A Câmara de Oleiros ativou hoje às 9:00, o Plano Municipal de Emergência. Há dezenas de aldeias ardidas no concelho e populares que foram transferidos durante a noite para os Hospitais de Coimbra, com queimaduras.

"Oleiros ativou o Plano de Emergência Municipal às 9:00. Temos aldeias completamente ardidas. Cerca de 30 foram evacuadas. Temos dezenas de pessoas na residência de estudantes de Oleiros e durante a noite foram para Coimbra [hospitais] populares com queimaduras", disse o presidente deste município do distrito de Castelo Branco à agência Lusa.

Fernando Marques Jorge, visivelmente transtornado com a situação que se vive no concelho, realçou a falta de meios que se verifica no terreno: "Temos meia dúzia de carros dos bombeiros de Oleiros. Não há meios".

Apesar da ativação do Plano Municipal de Emergência, o autarca é realista e diz que de pouco vai valer, devido à escassez dos meios disponíveis. "É uma desgraça. Isto vai arder tudo. O fogo vai continuar", desabafou.

O incêndio que deflagrou às 12:02 na freguesia de Ermida e Figueiredo, concelho da Sertã, estendeu-se no final da tarde de domingo ao concelho de Oleiros.

O município de Carregal do Sal ativou hoje o Plano de Emergência Municipal na sequência dos incêndios que atingem desde domingo o distrito de Viseu, anunciou a câmara.

Em comunicado, a autarquia diz que o plano foi ativado às 7:30. "Em virtude das situações de evacuação impostas durante a noite, o Pavilhão Municipal foi aberto e está a funcionar como dispositivo de apoio logístico/alimentar necessário para apoio à população. Nas piscinas municipais foi também disponibilizada uma linha de água para abastecimento dos bombeiros", refere a nota publicada no Facebook.

O dia de domingo foi considerado pelas autoridades o pior em termos de incêndios, tendo deflagrado mais de 500 fogos em território nacional, que provocaram a morte a seis pessoas e feriram outras 25, seis das quais com gravidade. Destes, quatro estão relacionados com um acidente na autoestrada 25 (A25), quando as pessoas tentavam fugir às chamas.

Várias habitações arderam, diversas localidades foram evacuadas e há estradas que se mantêm cortadas ao trânsito.

O primeiro-ministro anunciou hoje que o Governo assinou um despacho de calamidade pública, abrangendo todos os distritos a norte do Tejo, para assegurar a mobilização de mais meios, principalmente a disponibilidade dos bombeiros no combate aos incêndios.

Esta é a segunda situação mais grave de incêndios com mortos este ano, depois de Pedrógão Grande, no verão, um fogo que alastrou a outros municípios e que provocou 64 vítimas mortais e mais de 200 feridos.

Com Lusa

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