"Esta solução é um pouco mais do mesmo. É idêntica, ou muito igual, à solução preconizada em 2010, que foi rejeitada, inclusivamente, pelos autarcas da região", disse à agência Lusa Mário Sol, do MDRL, em Miranda do Corvo, no final da apresentação do sistema de mobilidade escolhido pelo Governo.
Cerca de duas dezenas de ativistas daquele movimento manifestaram-se pacificamente à chegada do ministro Pedro Marques, empunhando cartazes a exigir a reposição da ferrovia entre Serpins (Lousã) e Coimbra, que funcionou durante mais de um século.
Um grupo de técnicos do Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC) apresentou o estudo para a introdução do denominado "sistema metrobus" no canal do ramal ferroviário da Lousã, encerrado há sete anos para obras que depois pararam, e na área urbana de Coimbra, numa sessão presidida pelo ministro do Planeamento e das Infraestruturas.
Pedro Marques disse, na sua intervenção, que o novo projeto de mobilidade entre Lousã e Coimbra prevê uma solução "mais favorável" para as populações do que a ferrovia ou o metro ligeiro.
O governante afirmou que o Sistema de Mobilidade do Mondego (SMM), com autocarros elétricos em vez de transporte sobre carris, levará três anos e meio a entrar em funcionamento, com o prazo contado a partir de hoje.
O ministro, responsáveis do LNEC e da Infraestruturas de Portugal (IP) realçaram que o estudo procura responder a exigências da União Europeia, designadamente ao nível da sustentabilidade financeira e ambiental do investimento, que vai substituir o sistema de metro projetado há 21 anos pelo Estado e pelos três municípios que integram a Metro Mondego.
O projeto de mobilidade para o ramal ferroviário e a cidade de Coimbra com que o Governo se comprometeu junto das autarquias envolvidas deverá custar 89,3 milhões de euros.
"O estudo do LNEC não é posto em causa, o que é posto em causa é aquilo que pretende ser dado à região e à sua população, porque não podemos confundir as áreas urbanas de Miranda do Corvo e Lousã com a área urbana de Coimbra", disse Mário Sol.
Segundo o representante do MDRL, "ao colocarem um sistema de mobilidade deste tipo cortam logo a possibilidade à partida de haver uma maior desenvolvimento económico integrado da nossa região, as mercadorias deixam efetivamente de poder ser transportadas e depois não se acredita na segurança deste projeto",
"Contrariamente ao que foi dito, o único projeto que se movimenta a nível mundial com base neste sistema de metrobus é no Japão, dentro de uma cidade que não tem exatamente nada a ver com aquilo que é o traçado onde vai ser integrado, que é típico de montanha, com zonas muito complicadas, com túneis e pontes, uma delas em curva", sublinhou.
Lusa