Acidente no Elevador da Glória

Elevador da Glória: Luís Parreirão defende Jorge Coelho após declarações de Carlos Moedas

No artigo de opinião, Luís Parreirão sublinhou que "infelizmente, o presidente da Câmara Municipal de Lisboa entendeu que a melhor forma de abordar a tragédia que se abateu sobre a capital foi trazer para o debate o comportamento de Jorge Coelho há 24 anos".

Pedro Nunes

Lusa

Luís Parreirão, ex-secretário das Obras Públicas, criticou esta quarta-feira a forma como Carlos Moedas se referiu ao antigo ministro Jorge Coelho sobre a queda da ponte de Entre-os-Rios, considerando que "circunstâncias dolorosas levam a situações de descontrolo".

"Circunstâncias dolorosas podem levar-nos a situações de descontrolo, confusão, desvario, ou, até, a práticas ou discursos que, passadas as circunstâncias, verificamos que foram erradas", disse o ex-secretário de Estado de Jorge Coelho, num artigo de opinião divulgado esta quarta-feira no Correio da Manhã.

O ex-secretário de Estado refere-se a uma alegação feita no domingo, durante uma entrevista à SIC, pelo presidente da Câmara Municipal de Lisboa sobre as causas do acidente com o elevador da Glória, que causou 16 mortos e vários feridos, de que Jorge Coelho, já falecido, se demitiu de ministro do Equipamento Social porque tinha recebido informações no seu gabinete que apontavam para a fragilidade da ponte de Entre-os-Rios antes do acidente de 2001.

Nessa entrevista, Carlos Moedas recusou a comparação e disse que o gabinete de Jorge Coelho tinha recebido informações que apontavam para a fragilidade da ponte ainda antes do acidente, enquanto, no seu caso, não recebeu qualquer sinal nesse sentido em relação ao Elevador da Glória.

No artigo de opinião, Luís Parreirão sublinhou que "infelizmente, o presidente da Câmara Municipal de Lisboa entendeu que a melhor forma de abordar a tragédia que se abateu sobre a capital foi trazer para o debate o comportamento de Jorge Coelho há 24 anos".

No entendimento de Luís Parreirão, "faça o que fizer, já não tem remissão".

Luís Parreirão lembrou que na altura do acidente, o parlamento criou uma Comissão de Inquérito e a Procuradoria-Geral da República conduziu um inquérito-crime, não tendo sido imputadas quaisquer responsabilidades a Jorge Coelho.

No artigo, recorda igualmente que após o acidente decorreu um processo no Tribunal de Castelo de Paiva, processo ao qual Jorge Coelho nunca foi chamado.

"Como diz o povo, 'a mentira tem perna curta' e, no caso, só envergonha o seu autor", escreve.

"O então ministro Jorge Coelho, e com ele eu próprio, que era seu secretário de Estado, entendemos que o único caminho era a demissão", contou, sublinhando que se tratou de responsabilidade política objetiva.

"Naquela noite ninguém assumiu responsabilidades pessoais e subjetivas, pela simples razão que elas não existiam, como o Parlamento e a PGR vieram confirmar", disse.

"Não podendo Jorge Coelho defender-se, é nosso dever defender a sua memória"

Na terça-feira, o atual presidente do Conselho Europeu, António Costa, e outros antigos ministros de António Guterres, então primeiro-ministro, acusaram Carlos Moedas de ter dito "falsidades" sobre o falecido antigo dirigente socialista Jorge Coelho.

"Nós, companheiros de Jorge Coelho no Governo de António Guterres aquando da queda da ponte de Entre-os-Rios, queremos manifestar a nossa indignação pelas falsidades proclamadas pelo engenheiro Carlos Moedas sobre o que se passou em 2001. A atitude de Jorge Coelho foi um contributo importante para a defesa de Democracia nos últimos 25 anos", escrevem antigos ministros de António Guterres numa nota enviada à agência.

Além do ex-primeiro-ministro António Costa, assinam a nota Alberto Martins, Augusto Santos Silva, Eduardo Ferro Rodrigues, Guilherme Oliveira Martins, Luís Capoulas Santos e Nuno Severiano Teixeira.

"Não podendo Jorge Coelho defender-se, é nosso dever defender a sua memória", frisam.
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