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Presidente do TC diz que acusação de agenda política é "um disparate" 

O presidente do Tribunal Constitucional (TC)  disse hoje ser "um disparate" atribuir-se àquele órgão uma agenda política,  aconselhando a leitura "cuidadosa" do último acórdão, que chumba três dos  quatro artigos do Orçamento do Estado para 2014. 

"As pessoas que leiam cuidadosamente as fundamentações e depois tirem  as suas conclusões, de concordância ou discordância", disse Joaquim Sousa  Ribeiro, em declarações exclusivas à agência Lusa, em Luanda, confrontado  com as críticas, sobretudo da maioria PSD/CDS-PP, à última decisão, conhecida  sexta-feira. 

O presidente do TC está em Angola para participar na III Assembleia  da Conferência das Jurisdições Constitucionais dos Países de Língua Oficial  Portuguesa e refutou acusações de comentadores sobre a existência de uma  agenda política naquele tribunal. 

"Isso é um disparate. Isso é um disparate", afirmou à Lusa Joaquim Sousa  Ribeiro. 

Na sexta-feira, o TC chumbou três dos quatro artigos do Orçamento do  Estado para 2014 em análise, incluindo os cortes dos salários dos funcionários  públicos acima dos 675 euros. 

No entanto, em relação a este artigo os juízes determinaram que os efeitos  do chumbo se produzem "à data do presente acórdão", ou seja sem efeitos  retroativos. 

Esta decisão foi votada por 10 dos 13 juízes do TC, com Pedro Machete,  Maria Lúcia Amaral e Cunha Barbosa a votarem contra a inconstitucionalidade  da medida. 

"Por alguma razão é um voto vencido", disse Joaquim Sousa Ribeiro, recusando  tecer comentários sobre as decisões do tribunal por não ser "analista ou  comentador político". 

"Críamos as decisões e as decisões aí estão", apontou. 

Neste acórdão, os juízes do TC consideraram ainda inconstitucional o  artigo 115, que aplica taxas de 5% sobre o subsídio de doença e de 6% sobre  o subsídio de desemprego, e o artigo 117, que altera o cálculo das pensões  de sobrevivência.  

A 17 de maio, Portugal abandonou oficialmente o plano de ajustamento  sem qualquer programa cautelar, depois de o primeiro-ministro, Pedro Passos  Coelho, ter anunciado a "saída limpa" a 04 de maio, numa comunicação ao  país transmitida pelas televisões.  

O programa de ajustamento solicitado à 'troika' (Comissão Europeia,  Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional), no valor de 78 mil  milhões de euros, esteve em vigor durante cerca de três anos. 

Lusa

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