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Trabalhadores dos Estaleiros de Viana queixam-se de "pressões" da administração para rescisões 

A comissão de trabalhadores dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo (ENVC) queixou-se hoje de "pressões" exercidas  pela administração da empresa, sobre os funcionários, para os levar a aderirem  ao plano de rescisões amigáveis em curso. 

A posição foi assumida pela porta-voz da comissão de trabalhadores,  António Costa, referindo-se a "reuniões" entre a direção de recursos humanos  dos ENVC e responsáveis por vários serviços da empresa. 

"A administração, nomeadamente os recursos humanos, pediu a intervenção  dos chefes de serviço para sensibilizarem os seus subordinados para aderirem  ao plano de rescisões. É uma pressão lamentável que está a ser feita sobre  essas chefias, que são eles próprios trabalhadores da empresa", disse António  Costa. 

Contactada pela Lusa, a administração dos ENVC negou qualquer pressão:  "Trata-se de uma forma de sensibilizar os trabalhadores para o plano social  que está a ser levado a cabo, informando-os de forma correta". 

Ainda de acordo com a administração, até esta sexta-feira deverão estar  assinados 152 acordos para rescisão amigável dos contratos de trabalho,  processo que já envolveu o pagamento de mais de 9,4 milhões de euros em  indemnizações. 

"Provavelmente, a administração não atingiu o número de rescisões que  esperava ter nesta altura e está avançar com estas pressões, que não aceitamos  de forma alguma. Se alguém tem de fazer alguma coisa é a administração,  não são as chefias", disse, por seu turno, António Costa. 

A atribuição do subsídio de desemprego integra os acordos propostos  aos 609 trabalhadores dos ENVC que, com o encerramento daquela unidade anunciado  pelo Governo, serão despedidos no âmbito do plano amigável de cessação dos  contratos que vai custar 30,1 milhões de euros de dinheiros públicos. 

A empresa está a pagar a cada trabalhador um mês de salário por cada  ano de atividade, parcela que representará 19.847.830,10 euros. Soma-se,  no acordo final de rescisão do contrato de trabalho, a parcela referente  aos valores "proporcionais" aos subsídios de férias e de Natal, que custará  2.144.346,59 euros. 

A última parcela, no valor de 8.121.994,40 euros, diz respeito às "responsabilidades  por direitos adquiridos pelos trabalhadores no ativo", decidida pela administração  da empresa. 

Esta terceira componente refere-se ao fundo de pensões da empresa, tendo  em conta que neste processo de saída voluntária cerca de 500 trabalhadores  podem ser "ressarcidos" para se "desvincularem" do fundo, para o qual descontaram  ao longo dos anos. 

Em função da adesão ao plano de rescisões, a administração ainda poderá  lançar um despedimento coletivo, que depois de comunicado leva até 75 dias  a efetivar-se. 

A nova empresa West Sea, criada pelo grupo Martifer no âmbito da vitória  no concurso público internacional para a subconcessão dos terrenos e infraestruturas  dos ENVC, prevê recrutar 400 dos 609 trabalhadores. 

Ao longo de quase 70 anos de atividade, os ENVC já construíram mais  de 220 navios de todo o tipo. 

 

     

Lusa

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