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Fenprof faz queixa na PGR contra Ministério da Educação

A Fenprof vai apresentar queixa à Procuradoria-Geral  da República (PGR) contra o Ministério da Educação acusando-o de desrespeitar  a lei por ter alterado decisões tomadas num processo negocial sem voltar  a ouvir os sindicatos. 

Mário Nogueira da Fenprof (Lusa/Arquivo)
Jose Sena Goulao

Em causa está a alteração anunciada segunda-feira pelo ministro Nuno  Crato relativa à Prova de Avaliação de Conhecimentos e Capacidades (PACC),  que tinha sido alvo de negociação em agosto, altura em que ficou decidido  que todos os docentes sem vínculo à função pública teriam de realizar a  PACC para poderem dar aulas. 

Na segunda-feira, o ministro anunciou que a prova só seria obrigatória  para os docentes com menos de cinco anos de serviço. Para a Federação Nacional  dos Professores (Fenprof), o ministério não poderia alterar o que estava  definido sem ouvir os sindicatos.  

Contactado pela Lusa, o Ministério da Educação e Ciência (MEC) defendeu  que não se tratou de "um acordo, nem se reiniciou qualquer processo negocial",  sendo sim "um entendimento que decorre de uma iniciativa da UGT à qual o  Ministério da Educação e Ciência foi sensível".  

Mário Nogueira lembrou que a PACC é "matéria de negociação obrigatória",  uma vez que a prova passa a ser um novo requisito para aceder à profissão  de professor, e que qualquer alteração ao diploma obrigaria a nova negociação  mas "isso não aconteceu".  

"Nós somos contra a prova e queremos a sua anulação. Mas a questão aqui  é mais grave: houve uma negociação que foi ignorada", alertou o secretário-geral  da Fenprof, anunciando a decisão de avançar com uma queixa na PGR. 

"Houve uma negociação em agosto e nessa altura ouviu-se o Ministério  da Educação a impor as regras. Depois, em novembro, ouve-se o senhor ministro  a dizer "não, eu fiz de outra maneira". Isso não é possível, porque se deixarmos  passar em branco esta situação, amanhã até podemos estar a negociar uma  matéria, sobre a qual até haja acordo, e depois passados dois ou três meses  ouvimos o senhor ministro a dizer na televisão: "Pois era assim, mas eu  agora decidi fazer de outra maneira", exemplificou. 

O sindicalista, que considera que "a negociação com este Governo e com  este ministério, na maior parte das vezes, não passa de uma farsa", entende  no entanto que a "lei é para cumprir". 

Além da queixa, a Fenprof mantém as ações de luta contra a PACC, com  varias medidas como um protesto a 5 de dezembro e a greve no dia da prova.

A mudança das regras da prova de avaliação foi anunciada segunda-feira  pelo ministro da Educação, após reuniões com os sindicatos ligados à UGT  e depois de ter ouvido o presidente do Conselho de Escolas, Manuel Esperança,  e o presidente do Conselho Nacional de Educação, David Justino.  

Na conferência de imprensa em que anunciou as mudanças, Nuno Crato reconheceu  que teve em conta "o recente pedido de ponderação do Provedor da Justiça",  que veio defender que os professores experientes ficassem isentos da prova.

 

Lusa

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