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Professora do Alentejo acaba greve de fome de oito dias contra mobilidade especial 

A professora do Alentejo, de 41 anos, que esteve  oito dias em greve de fome contra a mobilidade especial dos funcionários  públicos, já terminou o protesto, após o acordo entre sindicatos de professores  e o Ministério da Educação. 

"Dado que o ministro da Educação deu uma folga aos professores em relação  à mobilidade especial, apesar de nem toda a administração pública gozar  dessa folga, e porque comecei a sentir-me mal e já não conseguia lidar com  a situação, decidi parar a greve de fome", na quarta-feira, ao final do  dia, disse hoje à agência Lusa a professora Susana Valente. 

Na passada terça-feira, sindicatos de professores e o Ministério da  Educação acordaram várias medidas, como a relativa à mobilidade especial,  que, caso seja aprovada, não será aplicada aos professores antes de 2015.

Susana Valente, docente de Português e Inglês há 15 anos, tinha começado  a greve de fome no dia 18 deste mês contra a mobilidade especial que o Governo  pretende aplicar à Função Pública e que poderá levar ao "despedimento coletivo  de 200 mil funcionários públicos". 

Mobilidade especial é "um termo pomposo" para despedimento, disse Susana  Valente, referindo: "chegámos a um momento em que é preciso dizer não" e  foi "um sentimento de desespero e impotência" que a levou a iniciar a greve  de fome. 

Natural de Mértola, Susana Valente, que reside em Cuba, mas, durante  a greve de fome e "por uma questão de segurança", viveu em Beja, na casa  da mãe, pertence ao quadro da Escola Básica Integrada de Amareleja e, no  último ano letivo, esteve destacada e deu aulas na Escola Básica dos 2.  e 3. ciclos de Moura "por aproximação à zona de residência". 

No caso dos professores, "se a mobilidade especial for para a frente,  deixa de haver quadros" e um professor que não conseguir horário completo  numa escola passa à mobilidade interna e terá que se candidatar como um  professor sem contrato. 

Posteriormente, se não conseguir horário e ser colocado, o professor  passará para a mobilidade especial, o que implica uma redução inicial de  30% do salário, seguindo-se um corte de 50% meses depois e a perda completa  do salário um ano depois. 

"Já estou em mobilidade há muito tempo, porque trabalhei em nove escolas  geograficamente dispersas. Não é a mobilidade que me assusta. É a mobilidade  sem vencimento", disse a docente, considerando a mobilidade especial uma  medida "ilegal e imoral". 

 

Lusa

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