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Ministério Público arquiva denúncias de Catalina Pestana de pedofilia na Igreja 

O Ministério Público (MP) anunciou ontem, em comunicado, que foram arquivadas as denúncias de Catalina Pestana que, em  dezembro, garantiu conhecer casos de pedofilia envolvendo pelo menos cinco  sacerdotes na Diocese de Lisboa. 

O despacho de arquivamento de 16 de abril de 2013, revelado em  comunicado pela Procuradoria-Geral da República, esclarece que os factos  denunciados pela ex-provedora da Casa Pia "impediriam, na atualidade, o  procedimento criminal" por, à luz da legislação aplicável, terem já prescrito  os alegados "crimes contra a liberdade e autodeterminação sexual, parte  deles visando menores". 

O MP lembra que os factos relatados "ocorreram na década de noventa  e reconduziam-se a ilícitos criminais que, à data, assumiam natureza semipública,  sem que tenha sido exercido o direito de queixa pelo respetivo titular ou  pelo seu representante legal, do que resulta a falta de legitimidade do  Ministério Público para o exercício da ação penal". 

De qualquer forma, o MP afirma que o inquérito incidiu "sobre factos cujas vítimas não foram identificadas nas denúncias, não tendo sido possível  no decurso da investigação, e apesar das diligências desenvolvidas nesse  sentido, proceder à sua identificação". 

A investigação tentou ainda apurar crimes suscetíveis de configurarem a prática de crimes de pornografia de menores mas não foi "possível recolher  indícios suficientes do seu cometimento". 

O MP esclarece, no entanto, que prossegue a investigação do Departamento  Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) sobre alegados abusos sexuais  de incapazes e de pessoa internada e crimes patrimoniais e fiscais, após  denúncias contra a Ordem Hospitaleira de São João de Deus. 

Esta última investigação, que deu lugar a três inquéritos por factos  alegadamente ocorridos em Telhal (Sintra), Montemor-o-Novo, Portalegre e  Açores, terá partido de denúncias enviadas anonimamente através de correio  eletrónico. 

Os casos respeitantes à Diocese de Lisboa foram denunciados por Catalina  Pestana em declarações ao jornal Público, em dezembro do ano passado, garantindo  a ex-provedora conhecer casos de pedofilia que envolviam pelo menos cinco  sacerdotes na diocese de Lisboa. 

O porta-voz da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) desafiou na altura  Catalina Pestana, a apresentar provas da existência de padres pedófilos  no seio da Igreja Católica. 

A ex-provedora da Casa Pia revelou ter denunciado, em 2011, os casos  ao arcebispo de Braga, Jorge Ortiga, na altura presidente da Conferência  Episcopal Portuguesa, que contrapôs ter pedido a Catalina Pestana que, "se  tivesse casos concretos, os denunciasse, os apresentasse aos bispos locais".

Lusa 

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