Mundo

Flotilha que viaja para Gaza denuncia novo ataque com drone, Mortágua relata o que viu

O "Alma" foi atingido, segundo a organização ativista, em águas tunisinas, ao largo de Sidi Bou Saïd. Deputada do Bloco de Esquerda presenciou ataque e relatou o que aconteceu nas redes sociais.

SIC Notícias

Lusa

A flotilha ativista com destino a Gaza anunciou esta quarta-feira que outra das suas embarcações foi atingida ao largo de Tunes e disse suspeitar do ataque de um drone, 24 horas depois de um incidente semelhante.

"Mais um barco da nossa frota - o “Alma” - foi atacado por um drone quando estava atracado em águas tunisinas", afirmou a "Flotilha Global Sumud (GSF, na sigla em inglês)", através de um comunicado.

Este anúncio surge horas antes da partida prevista da frota humanitária em direção ao território palestino sitiado por Israel.

"O barco, de bandeira britânica, sofreu danos causados pelo fogo no convés superior. O incêndio foi extinto e todos os passageiros e tripulantes estão seguros", acrescenta a nota afirmando ainda que há uma "investigação em curso" e que esta é uma "tentativa orquestrada para distrair e inviabilizar" a missão.

O "Alma" foi atingido, segundo a organização ativista, em águas tunisinas, ao largo de Sidi Bou Saïd, o porto tunisino a norte de Tunes, capital do país.

Mariana Mortágua presenciou o ataque

A coordenadora do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua, presenciou o novo ataque a um dos barcos da flotilha. Diz que a situação está, neste momento, controlada.

Numa publicação no Instagram, a deputada diz que um drone largou um "dispositivo incendiário" num barco à frente daquele onde seguia.

Explica mesmo que houve um clarão e um projétil que foi lançado.

Este é o segundo ataque à flotilha humanitária em menos de 48 horas.

Vídeo mostra ataque com dispositivo incendiário

Num vídeo publicado nas redes sociais pela relatora das Nações Unidas para os territórios palestinianos, Francesca Albanese, é possível ver uma bola de fogo a cair sobre o convés de um barco.

"As imagens de vídeo sugerem que um drone - sem luzes, para não ser visto - lançou um dispositivo que incendiou o convés do barco Alma", escreveu Albanese.

"Especialistas sugerem que se tratou de uma granada incendiária envolta em materiais plásticos embebidos em combustível, que poderia ter sido inflamada antes de cair sobre o navio", acrescentou.

A agência France Presse tentou sem sucesso obter um comentário da Guarda Nacional tunisina sobre esta nova denúncia.

A AFP testemunhou a presença de uma embarcação afastada da costa, cercada por embarcações com luzes giratórias da guarda de costa tunisina, ao mesmo tempo que, em terra, dezenas de ativistas protestaram na praia de Sidi Bou Saïd contra o suposto ataque.

"Segunda noite, segundo ataque com drones", disse à AFP Melanie Schweizer, uma das coordenadoras da GSF.

A AFP solicitou um comentário ao exército israelita relativamente ao incidente da noite anterior, sem resposta imediata.

Os ativistas garantem que não se deixariam intimidar.

"Não há absolutamente nenhuma mudança na nossa determinação. Partiremos amanhã de qualquer maneira", disse na terça-feira o palestiniano Saif Abukeshek.

Primeiro ataque foi em barco com delegação portuguesa

A GSF difundiu na madrugada de terça-feira um vídeo em que mostrou o ataque de um drone ao navio da organização ativista, com bandeira portuguesa, onde viajam para Gaza membros da sua direção.

A Guarda Nacional tunisina negou na terça-feira a existência de qualquer ataque à flotilha com drones, garantindo que, de acordo com as suas primeiras constatações, "nenhum" aparelho tinha sido detetado.

As forças israelitas têm em curso uma ofensiva na Faixa de Gaza que causou mais de 64.600 mortos no território governado pelo Hamas desde 2007.

A ofensiva seguiu-se ao ataque do Hamas no sul de Israel, em 7 de outubro de 2023, que provocou cerca de 1.200 mortos e 251 reféns.

Últimas