Os Estados Unidos e o México dizem que está em marcha 'a mãe de todas as caravanas' de migrantes.
Que há mais de 20 mil pessoas, em grupo, que se preparam para deixarem as Honduras a caminho do norte.
Fogem à fome.
A um futuro de miséria.
Vão em busca do eldorado americano.
Do sonho que a América do Norte continua a representar para quem tem pouco, ou nada.
Mas, ao contrário do que aconteceu durante séculos, o norte não os quer.
Ou, pelo menos, assim o afirma.
Washington expulsou mais de 76 mil pessoas, em Fevereiro.
Vai deportar 90 mil, este mês de março, e um total de 900 mil até ao final do ano.
Algumas já tinham casa e trabalho.
Contribuíam para a economia dos dólares.
Mas não tinham o mais importante: visto de permanência.
Todas as nações têm o direito de dizerem quem querem acolher.
Toda as nações têm o direito a negar a entrada a estrangeiros.
Todas as nações têm a obrigação de defererem os seus cidadãos. Seja da criminalidade, seja do desemprego.
Mas, as nações mais ricas, também têm a obrigação moral de cuidarem de quem é obrigado a abandonar o país onde nasceu sob pena de morrer à fome ou às mãos de gangues armados, da criminalidade organizada ou, até, de governos intolerantes.
Nem todos os migrantes serão refugiados, é verdade.
Mas muito são.
E, quando vemos as imagens de famílias inteiras que percorrem milhares de quilómetros com um saco às costas e as crianças nas mãos?
O que queremos que façam os nossos governos?
Que pensem, só, em nós?
Que fiquem indiferentes ao sofrimento de quem não teve a enorme sorte de nascer num país do chamado 'primeiro mundo'?
Ou que percebam que o 'primeiro mundo' também já foi o terceiro e que a história nos ensina tudo sobre ciclos?