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Epilepsia: inteligência artificial detecta anomalias 'invisíveis' no cérebro e ajuda a curar convulsões

MELD Graph é uma ferramenta de inteligência artificial criada durante 10 anos por cientistas do King's College London. Detecta pequenas anomalias no cérebro que os radiologistas, por norma, não conseguem identificar numa ressonância magnética. Após o diagnóstico, o doente com epilepsia pode ser operado, o que pode ser uma solução para as convulsões.

Rita Rogado

Ana Isabel Pinto

Cientistas em Londres estão a usar inteligência artificial (IA) - MELD Graph - para detectar anomalias no cérebro de pessoas com epilepsia. A ferramenta pode levar a um diagnóstico precoce e, através de uma cirurgia, resolver as convulsões.

A equipa de investigadores desenvolveu o método durante 10 anos. Basearam-se em dados de mais de 700 pessoas com displasia cortical focal (FCD), uma das principais causas de epilepsia.

A MELD Graph detecta cerca de dois terços de pequenas anomalias que os radiologistas, por norma, não conseguem identificar numa ressonância magnética. A FCD pode ser difícil de observar com 'olho humano' e metade das lesões não são detectadas por radiologistas.

"Criámos uma ferramenta de IA para ajudar a diagnosticar anomalias ocultas em crianças e adultos com epilepsia e o crucial é que, se se encontrar a anomalia do cérebro, poderão fazer uma cirurgia que cure as convulsões. E o que a nossa ferramenta de IA pode fazer é encontrar dois terços dessas anomalias que os médicos não conseguem perceber e isso é muito importante porque significa que mais crianças podem ter a melhor forma possível de tratamento", explica Konrad Wagstyl, do King's College London.

Irregularidades no cérebro podem causar convulsões, cujos medicamentos não ajudam a controlar. Se forem detectadas, o doente pode ser operado e deixar de as ter.

"Talvez possa dar um exemplo do caso de uma menina de oito anos do Great Ormond Street Hospital. Ela tem convulsões desde os quatro anos. A medicação não estava a ajudar a controlar as convulsões e então ela foi encaminhada para a Great Ormond Street... Eles pensaram que havia uma anomalias no cérebro, mas não tinham a certeza. O que é diferente agora, em vez de ter que haver mais investigações, muito mais atrasos, é que são capazes de executar o MELD Graph neste paciente e foram capazes de confirmar a lesão e ela agora pode ser considerada para cirurgia", acrescenta Konrad Wagstyl

Apesar de a ferramenta ainda não estar disponível, a equipa de cientistas está a formar médicos e investigadores de todo o mundo para o seu uso.

A epilepsia afeta cerca de uma em cada 100 pessoas em todo o mundo. Um quinto dos casos são causados por anomalias no cérebro.

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