Cientistas em Londres estão a usar inteligência artificial (IA) - MELD Graph - para detectar anomalias no cérebro de pessoas com epilepsia. A ferramenta pode levar a um diagnóstico precoce e, através de uma cirurgia, resolver as convulsões.
A equipa de investigadores desenvolveu o método durante 10 anos. Basearam-se em dados de mais de 700 pessoas com displasia cortical focal (FCD), uma das principais causas de epilepsia.
A MELD Graph detecta cerca de dois terços de pequenas anomalias que os radiologistas, por norma, não conseguem identificar numa ressonância magnética. A FCD pode ser difícil de observar com 'olho humano' e metade das lesões não são detectadas por radiologistas.
"Criámos uma ferramenta de IA para ajudar a diagnosticar anomalias ocultas em crianças e adultos com epilepsia e o crucial é que, se se encontrar a anomalia do cérebro, poderão fazer uma cirurgia que cure as convulsões. E o que a nossa ferramenta de IA pode fazer é encontrar dois terços dessas anomalias que os médicos não conseguem perceber e isso é muito importante porque significa que mais crianças podem ter a melhor forma possível de tratamento", explica Konrad Wagstyl, do King's College London.
Irregularidades no cérebro podem causar convulsões, cujos medicamentos não ajudam a controlar. Se forem detectadas, o doente pode ser operado e deixar de as ter.
"Talvez possa dar um exemplo do caso de uma menina de oito anos do Great Ormond Street Hospital. Ela tem convulsões desde os quatro anos. A medicação não estava a ajudar a controlar as convulsões e então ela foi encaminhada para a Great Ormond Street... Eles pensaram que havia uma anomalias no cérebro, mas não tinham a certeza. O que é diferente agora, em vez de ter que haver mais investigações, muito mais atrasos, é que são capazes de executar o MELD Graph neste paciente e foram capazes de confirmar a lesão e ela agora pode ser considerada para cirurgia", acrescenta Konrad Wagstyl
Apesar de a ferramenta ainda não estar disponível, a equipa de cientistas está a formar médicos e investigadores de todo o mundo para o seu uso.
A epilepsia afeta cerca de uma em cada 100 pessoas em todo o mundo. Um quinto dos casos são causados por anomalias no cérebro.