Olhares pelo Mundo

Dispositivo pioneiro no cérebro renova esperança no tratamento da epilepsia

Os sinais elétricos enviados ao cérebro reduziram as convulsões diurnas de um rapaz de 13 anos em 80%.

Catarina Solano de Almeida

Gabriel Pato

Um rapaz com epilepsia grave tornou-se o primeiro no mundo a testar um novo dispositivo instalado no crânio para controlar convulsões.

A família de um rapaz britânico de 13 anos com epilepsia grave recuperou a esperança de ver o filho a ter uma infância melhor.

Oran Knowlson, que tem síndrome Lennox-Gastaut, é o primeiro doente no mundo a testar um novo dispositivo: o neuroestimulador instalado no cérebro para controlar convulsões. que o menino tem desde os três anos diariamente.

A mãe Justine diz que o filho tem convulsões que o fazem cair, tremer ou perder a consciência e até já parou de respirar, necessitando de medicação de emergência.

O neuroestimulador Picostim, que integra um ensaio clínico no Hospital Great Ormond Street, em Londres, foi instalado no crânio de Oran em outubro de 2023, e desde então tem reduzido as convulsões diurnas de Oran em 80 por cento.

Os elétrodos do dispositivo são ligados a um neuroestimulador, que foi colocado no crânio de Oran e emite um impulso que bloqueia a atividade elétrica anormal no cérebro. Anteriormente, os neurotransmissores eram colocados no tórax.

"Esperamos que este estudo nos permita identificar realmente se este é um tratamento eficaz para a epilepsia. E também estudamos um novo tipo de dispositivo que é particularmente útil em crianças porque o implante é no crânio e não no tórax e esperamos que isso reduza potenciais complicações", disse o neurocirurgião pediátrico Martin Tisdall.

Oran faz parte do projeto CADET, que investiga a segurança, viabilidade e eficácia da estimulação cerebral profunda no tratamento de crianças com síndrome de Lennox-Gastaut. Mais três crianças com esta doença receberão o neuroestimulador cerebral profundo no âmbito deste estudo.

Justine diz que o filho, que também tem autismo e défice de atenção, teve a infância "roubada", mas sete meses depois da cirurgia, afirma ver uma "grande melhoria".

"Ele é um menino mais feliz… Acho que a equipa do hospital Great Ormond Street nos devolveu a esperança, algo que não tínhamos. Agora o futuro parece mais brilhante".

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