Garrafas de plástico, bidões e outros detritos acumulados na barragem hidroelétrica de Ruzizi, no leste da República Democrática do Congo, estão a causar frequentes cortes de energia e perturbações em negócios locais.
A barragem de Ruzizi, situada na extremidade sul do Lago Kivu, abastece a cidade de Bukavu e outras com eletricidade. Tornou-se um ponto de acumulação de milhares de resíduos plásticos despejados no lago, que se estendem por cerca de 90 quilómetros ao longo da fronteira entre o Congo e o Ruanda.
Os detritos acumulam-se a 14 metros de profundidade, obrigando mergulhadores a limpar regularmente o fundo do rio para evitar bloqueios nas turbinas. Apesar de operações diárias de limpeza à superfície, o problema persiste.
“Temos aqui quatro turbinas que juntas produzem 29,8 megawatts. Estes resíduos afetam todas as máquinas ao mesmo tempo”, explicou à Reuters Liévin Chizungu, responsável pela produção da SNEL (Empresa Nacional de Eletricidade) no leste do Congo.
O terreno montanhoso e as chuvas intensas na região agravam a situação.
“Estes resíduos praticamente bloqueiam a água, dificultando a entrada nos condutos forçados e impedindo a pressão e a velocidade necessárias para as turbinas funcionarem”, acrescentou Ljovy Mulemangabo, diretor provincial da SNEL para o Sul do Kivu e Maniema.
Impacto nos negócios locais
Os apagões têm causado problemas significativos a empresas locais. Alex Mbilizi, metalúrgico em Bukavu, relatou as dificuldades enfrentadas no trabalho:
“Estamos na oficina, e a falta de energia está a causar-nos muitos problemas. Os patrões pressionam-nos devido aos atrasos nas encomendas, e não sabemos o que fazer.”
As autoridades locais procuram resolver o problema na sua origem. Didier Kabi, ministro provincial do Ambiente e Economia Verde, sugeriu uma solução ao recolher lixo das ruas de Bukavu na semana passada:
“Se cada agregado familiar aderir a uma organização de recolha de resíduos, será possível avaliar até que ponto essas organizações podem recolher o lixo das casas e transportá-lo para locais de descarte adequados.”
Mulemangabo apelou à cooperação entre residentes e governo para implementar soluções sustentáveis e enfrentar os desafios ambientais. “Se deixarem este lixo nas ruas ou nas valetas, ele acaba na barragem de Ruzizi, causando-nos enormes dificuldades”, alertou.