Olhares pelo Mundo

Avatar "Liv" criada para apoiar pessoas com demências

Uma tecnologia inovadora com Inteligência Artificial promete ajudar a transformar o apoio e aconselhamento a pessoas com demência com base no contributo das experiências reais de quem vive com doenças neurodegenerativas.

Catarina Solano de Almeida

Ana Isabel Pinto

Perante o aumento mundial de casos de demência, foi criado no Reino Unido o avatar "Liv", uma ferramenta inédita que visa apoiar pessoas com doenças neurodegenerativas.

Este avatar, baseado em inteligência artificial, foi construído a partir das experiências de vida real e conhecimentos de centenas de pessoas com demência. Embora Liv tenha sido inspirada numa atriz, o seu rosto incorpora características subtis de vários participantes do projeto.

"A tecnologia não foi criada para substituir companhia ou terapia, está aqui para aconselhar com base em vivências reais de pessoas com demência", disse à Reuters Steve Milton, Diretor da organização britânica Innovations in Dementia e líder do projeto Dementia Diaries.

O projeto, denominado "Inteligência de Alzheimer", resulta de uma parceria entre a Innovations in Dementia, a empresa tecnológica Lenovo e a Universidade de Exeter. Foi desenvolvido com dados do Dementia Diaries, entrevistas e colaborações com grupos de apoio.

Contributo dos testemunhos

Gail Gregory, diagnosticada com Alzheimer aos 54 anos, é uma das pessoas que contribuíram para o projeto.

"Receber um diagnóstico de Alzheimer precoce é solitário e assustador, um passo para um território desconhecido", partilhou Gail.

O avatar Liv proporciona apoio e segurança ao responder a questões com base em relatos em primeira mão.

"Há pouco apoio para as pessoas com demência. Ter uma inteligência artificial disponível 24 horas por dia, 7 dias por semana, é inestimável", afirmou Gail.

Liv ainda em testes

Por enquanto, Liv está em fase de testes em ambientes controlados.

"No início é um pouco desconcertante, mas quando se começam a fazer perguntas, as respostas surgem. E é incrível", descreveu Gail.

Atualmente, calcula-se que 55 milhões de pessoas em todo o mundo vivam com demência, e este número poderá atingir os 139 milhões até 2050, segundo a Alzheimer’s Society do Reino Unido.

A demência é uma doença progressiva que afeta a função cognitiva, a memória, o raciocínio, o comportamento e a capacidade de realizar tarefas diárias. Para pessoas como Gail, tecnologias como Liv poderão oferecer um apoio valioso para lidar com estes desafios.

"Queremos manter a nossa independência, e, com o apoio de uma IA, espero que possamos ter ajuda em casa", afirmou Gail, acrescentando: "Acredito que este seja o futuro, pois a tecnologia é o caminho a seguir."
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