Arqueólogos peruanos relataram a descoberta de restos mortais de 45 indivíduos, a maioria crianças, no noroeste do Peru, no início deste mês. Especialistas acreditam que os restos mortais datam de 1.200 a 1.450 d.C. e muitos tinham cortes no esterno e nas costelas, possivelmente feitos com um objeto pontiagudo.
No mesmo local foram também encontrados nove camelídeos.
"Até agora, encontrámos neste local cerca de 45 indivíduos, dois deles adultos jovens, e os restantes são principalmente crianças. Também encontrámos nove camelídeos, principalmente lamas".
“Muitos desses indivíduos apresentavam cortes no externo e apresentavam alguns cortes nas costelas. Portanto, isso sugere que esses cortes foram causados por algum elemento, algum objeto pontiagudo, possivelmente uma faca”, explicou o arqueólogo Julio Ascencio Nicolas, em entrevista à agência Reuters.
O local pode estar associado à cultura Chimu, acrescentou Nicolas. O povo Chimu, que remonta a cerca de 900 d.C., ocupou a costa norte do Peru antes do Império Inca assumir o controle da região.
Causas destes massacres continuam a ser um mistério
Esta não é a primeira vez que é reportada nesta zona do país a descoberta de sepulturas coletivas, com restos mortais de crianças que terão sido vítimas de rituais arrepiantes.
Em 2019, foram descobertos esqueletos de mais de 200 crianças, sacrificadas e enterradas por volta de 1450 d.C. em dois sítios nos arredores de Chan Chan, a antiga capital do povo Chimu.
A maioria das vítimas apresentava também um corte no peito, feito em vida, possivelmente destinado a remover o coração. Contudo, as causas deste massacre continuam a ser um mistério.
O povo Chimu antecedeu o Império Inca, que foi o maior império da América pré-colombiana. A civilização inca surgiu nas terras altas do Peru no início do século XIII e o seu último reduto foi conquistado pelos espanhóis em 1572.