Dois séculos depois de ter sido identificado o Megalosaurus, os cientistas continuam a tentar desvendar os mistérios em torno do primeiro dinossauro. Descoberto inicialmente numa pedreira em Stonesfield, em Inglaterra, foi classificado por William Buckland em 1824. Desde então o conhecimento evoluiu, mas muitas dúvidas permanecem.
A palavra dinossauro só surgiria 18 anos mais tarde, criada pelo investigador Richard Owen, mas a descrição do primeiro animal com essas característica foi feita numa análise de anatomia comparativa do Megalosaurus, baseando-se nos fragmentos de esqueletos de vários espécimes de diferentes idades e tamanhos.
Esse artigo científico de William Buckland foi apresentado à Sociedade Geológica de Londres a 20 de fevereiro de 1824.
Em entrevista à agência Reuters, Steve Brusatte, o paleontólogo da Universidade de Edimburgo, na Escócia, sublinhou a importância da classificação de Buckland.
“Aquele momento foi realmente o início do nosso fascínio cultural pelos dinossauros, que continua até hoje.”
Mais tarde, na década de 1960, a identificação do pequeno dinossauro carnívoro Deinonychus abalou o estudo dos dinossauros, ajudando a inaugurar um período de pesquisa chamado "Renascimento dos Dinossauros". Essa descoberta revelou que os dinossauros podiam ser pequenos e ágeis.
Alguns eram anatomicamente semelhantes aos primeiros pássaros como o Archaeopteryx, confirmando como as aves evoluíram a partir de pequenos dinossauros com penas. Nessa altura surgiu também o debate sobre se os dinossauros eram de sangue quente ou frio.
"Os menores eram mais pequenos que os pombos. Os maiores eram mais pesados que os aviões Boeing 737. Mas muitos deles nem se pareceriam com répteis. Muitos dinossauros estavam cobertos de penas. Alguns dinossauros tinham asas. Esse tipo de fósseis teriam sido incompreensíveis para Buckland e mostram até que ponto a nossa perceção dos dinossauros mudou nos últimos dois séculos", explicou o investigador.
Extinção dos dinossauros
Os cientistas questionavam-se também sobre a extinção dos dinossauros. Em 1980, identificaram uma camada de sedimentos que datava precisamente do final da era dos dinossauros, continha altas concentrações de irídio, um elemento químico presente em meteoritos, o que deu a entender que uma enorme rocha espacial havia atingido a Terra.
A cratera de Chicxulub, no México, com 180 quilómetros de diâmetro, foi então identificada como o local do impacto do asteroide, que eliminou três quartos das espécies da Terra, incluindo os dinossauros, apontam as últimas investigações.
Papel da Inteligência Artificial na paleontologia
Atualmente, estão registadas mais de 2.000 espécies de dinossauros e a paleontologia é uma ciência internacionalmente reconhecida. Continuam a ser encontrados fósseis em lugares como China, Argentina, Brasil, África do Sul, Mongólia e mesmo na Europa.
A investigação mais recente tem construído modelos digitais de cérebros e ouvidos de dinossauros, de modo a obter melhor conhecimento dos seus sentidos, como a visão, a audição e o olfato.
Brusatte diz que os avanços na tecnologia, incluindo a Inteligência Artificial, constituem o próximo passo para uma melhor compreensão dos dinossauros:
"A Inteligência Artificial (IA) está na moda em tantos campos diferentes e em tantos aspetos das nossas vidas hoje em dia, para o melhor ou para o pior. Na paleontologia, se quisermos entender os grandes padrões de evolução dos dinossauros, como os dinossauros mudaram ao longo do tempo, à medida que a Terra mudava, são esses enormes bancos de dados que podem ser analisados por técnicas de IA que nos darão essa visão realmente crítica".