O vice-presidente da Câmara de Lisboa, Anacoreta Correia, anunciou esta segunda-feira que a autarquia vai homenagear o guarda-freio, André Marques, que morreu no descarrilamento do Elevador da Glória.
"Uma preocupação de homenagem e de reconhecimento", disse Filipe Anacoreta Correia aos jornalistas, explicando que está ainda prevista a criação de um memorial coletivo.
Vai ser criado também um fundo municipal de apoio às vítimas e um "portal de transparência" onde possa ser disponibilizada "toda a informação e todos os documentos que neste âmbito sejam solicitados".
"Parece-nos também muito importante a questão da informação. Manter e criar um portal de transparência onde possamos disponibilizar toda a informação, todos os documentos que neste âmbito sejam solicitados - e é normal que haja nesta altura a necessidade de muita informação e documentação - portanto, nós queremos estar a corresponder a esse pedido."
O autarca dava conta das propostas da liderança PSD/CDS-PP, antes do início de uma reunião extraordinária da Câmara de Lisboa, que deverá ser conduzida pelo presidente da autarquia, Carlos Moedas (PSD), sobre o acidente com o elevador da Glória, na qual deverão ser discutidas medidas de apoio às vítimas e familiares, assim como de apuramento das causas e responsabilidades.
Além de todos os membros do executivo municipal, a reunião conta também com a presença do presidente da Carris, Pedro de Brito Bogas.
Câmara de Lisboa propõe novo sistema tecnológico para garantir segurança
O elevador da Glória, sob gestão da Carris, descarrilou na quarta-feira à tarde, num acidente que provocou 16 mortos e duas dezenas de feridos, entre portugueses e estrangeiros de várias nacionalidades.
Filipe Anacoreta Correia anunciou ainda que vai ser pensado um novo sistema tecnológico para o elevador para dar "garantias inequívocas de segurança".
Finalmente, uma avaliação para o futuro, constituindo uma equipa para a conceção do novo sistema tecnológico deste elevador, envolvendo, se possível, a Ordem dos Engenheiros, o LNEC e haver a possibilidade de repensar também qualquer coisa que seja necessária para dar garantias inequívocas de segurança."
Questionado se a proposta de conceção de um novo sistema tecnológico do elevador da Glória significa que o ascensor tal como o conhecemos não vai voltar à Calçada da Glória, Anacoreta Correia disse que "é precipitado tirar essa conclusão".
“Houve uma abertura a considerar propostas que tenham chegado relativamente à oposição"
Sobre se a proposta da liderança PSD/CDS-PP vai ao encontro da do PS, que foi apresentada na sexta-feira, o vice-presidente da câmara manifestou a disponibilidade para acolher sugestões da oposição, referindo que "há um empenho grande" nesse sentido, avisando que "este momento trágico não pode ser um momento de aproveitamento político, deve ser um momento de união".
Relativamente à assunção de responsabilidades políticas sobre o acidente, Anacoreta Correia afirmou que a reunião da câmara "não é o momento da análise política", mas sim para aprovar medidas de resposta.
Quanto a demissões no executivo municipal, o vice-presidente da câmara, que tem também o pelouro da Mobilidade, afirmou: "Se houvesse alguma responsabilidade política, entendo eu que ela teria de ser assacada em primeiro lugar a mim, mas naturalmente que no meu espírito também, na minha consciência, sempre esteve bem presente a convicção de que não se pode fugir e é por isso que aqui estamos. Seria sempre o mais cómodo, mas nós estamos aqui precisamente disponíveis para assumir as responsabilidades."
- Com Lusa