No bairro Cantagallo, em Lima, as muralistas do coletivo Soi Noma, da comunidade indígena amazónica Shipibo-Konibo, estão a deixar a sua marca no mundo da arte, partilhando a sua herança cultural através de belos murais.
O coletivo Soi Noma, que significa “mulheres que fazem arte bonita”, é composto por 12 elementos, a maioria mães. Os murais que produzem apresentam tipicamente padrões geométricos que retratam a sua visão do mundo, utilizando motivos habitualmente vistos nos seus bordados e cerâmicas tradicionais.
Uma das artistas, Willma Maynas, migrou para Lima após a morte do seu marido durante o conflito armado entre o exército e os guerrilheiros no Peru durante os anos 80 e 90, muitas vezes referido como a “era do terrorismo”.
“Vim para aqui (Lima) em busca de melhor qualidade de vida. Foi então que comecei a fazer murais".
Salome Buenapico, também do coletivo, vê os murais como um método para lembrar as pessoas de Lima e do resto do Peru sobre a existência da comunidade Shipibo-Konibo. Acredita que é crucial partilhar a sua cultura e transmitir as suas tradições e língua às suas filhas para evitar que sejam esquecidas.
O grupo expôs recentemente as suas obras numa exposição chamada 'Koshi Kene' no centro cultural ICPNA em Lima, ao lado do artista Harry Chavez. Na língua Shipibo-Konibo, ‘koshi’ refere-se à força derivada do universo através das plantas medicinais, que é posteriormente incorporada nos seus ‘kene’, ou desenhos.