Morreram quase 500 pessoas em bombardeamentos israelitas nos arredores de Beirute, capital do Líbano, num só dia. O Ministério da Saúde libanês aponta para pelo menos 35 crianças entre as vítimas e mais de 1.600 feridos. O porta-voz militar israelita reivindica a destruição de 800 alvos do Hezbollah. Nos ataques terá sido morto um comandante e foram destruídas infraestruturas do grupo, financiado pelo Irão. O chefe da diplomacia da UE manifestou preocupação com a escalada das tensões entre Israel e Líbano. Josep Borrell pediu a mediação dos líderes, reunidos esta semana na ONU, para evitar “uma guerra total”, que caso se concretize "claramente vai contribuir para uma alteração geopolítica na região", diz Francisco Cudell, especialista em Segurança e Defesa.
A autoproclamada guerra entre Israel e o Hezbollah, de acordo com as palavras do primeiro-ministro israelita Benjamin Netanyahu, está a alarmar a comunidade internacional. O dia de ontem é já considerado o mais sangrento no Líbano desde a guerra civil de 2006 e a população está em fuga do sul do país.
"Esta guerra se avançar para uma guerra total claramente que vai contribuir para uma alteração geopolítica na região. Agora o que nós esperemos é que efetivamente não avance, não avance para uma guerra com as tropas no terreno, portanto, uma invasão terrestre de Israel. Sabemos, de acordo com as declarações que têm vindo a ser proferidas tanto pelo Governo Israelita como pelos próprios líderes do Hezbollah, e convém referir aqui, o Hezbollah não representa o Governo libanês, que ambos não querem uma guerra total.
No entanto, o que nós estamos a ver esta semana é que, na prática, os serviços de informação israelitas tinham um conhecimento muito mais profundo do próprio Hezbollah do que o Hamas, porque o ataque do 7 de outubro, que se deu aparentemente não houve qualquer previsão, mas estes ataques cirúrgicos que temos visto vindo a ver na nas últimas duas semanas demonstram que os serviços secretos israelitas têm as forças do Hezbollah perfeitamente mapeadas", explica Francisco Cudell.
Sobre o poder de influência da ONU para influenciar as partes a procurarem a paz, o especialista em Segurança e Defesa questiona: “Gostava de ser otimista, mas onde é que andaram as Nações Unidas nos últimos 12 meses no conflito de Gaza?”
Francisco Cudell destaca as provas do comportamento do Hezbollah que mostram como o cenário é preocupante: “Nós já sabíamos a questão dos túneis, não se sabia a dimensão dos túneis até à fronteira e alguns deles que entravam na zona já do Norte de Israel, mas ontem, com estes 1.600 bombardeamentos, conseguimos deslindar uma coisa assustadora que é que muitas casas de famílias no sul do do Líbano têm infraestruturas para lançamento de mísseis”.
Visita de Zelensky aos Estados Unidos
O Presidente da Ucrânia apela aos líderes mundiais para que continuem a trabalhar para a paz. Num discurso na Cimeira do Futuro da ONU, Volodymyr Zelensky disse estar a preparar uma segunda Cimeira para a Paz na Ucrânia.
A visita de Zelensky aos Estados Unidos tem um objetivo muito claro de apresentar um “plano de vitória”, não só ao Presidente norte-americano Joe Biden, mas também aos candidatos à Casa Branca.
Sobre o que será contemplado nesse plano, Francisco Cudell afirma que o ideal seria que contemplasse “uma retirada total das forças russas”, embora não acredite que isso aconteça.
“Pelo menos que haja uma desmilitarização daquela zona, que haja uma devolução de todos os prisioneiros de guerra e que haja, tal como aconteceu nos acordos de Budapeste e nos acordos de Minsk, que haja verdadeiros acordos de pactos de não agressão”, conclui o especialista em Segurança e Defesa.