EUA

Casa Branca veta jornalistas da AP por utilizarem "Golfo do México" em vez de "Golfo da América"

As equipas de jornalistas da agência noticiosa Associated Press (AP) estão impedidos de entrar na Sala Oval, na Casa Branca, e no Air Force One, o avião presidencial.

Donald Trump
Alex Brandon

Lusa

A Casa Branca proibiu por tempo indeterminado a entrada de jornalistas da agência noticiosa norte-americana Associated Press (AP) na Sala Oval e no Air Force One por terem utilizado a designação "Golfo do México" em vez de "Golfo da América".

O porta-voz do Presidente dos Estados Unidos, Taylor Budowich, afirmou na rede social X que, embora a AP tenha o direito, previsto na Primeira Emenda, de informar "de forma irresponsável e desonesta", isso não lhe dá o direito de ter "acesso ilimitado a espaços limitados como a Sala Oval ou o Air Force One [avião presidencial]".

"A partir de agora, esse espaço estará aberto aos muitos milhares de jornalistas que têm sido impedidos de cobrir estas áreas reservadas da Administração. Os jornalistas e fotógrafos da Associated Press manterão as suas credenciais para o complexo da Casa Branca", acrescentou.

Isto acontece poucas horas depois da Administração Trump ter negado o acesso a um jornalista da agência noticiosa norte-americana à conferência de imprensa realizada entre o presidente norte-americano, Donald Trump, e o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi.

A Casa Branca já defendeu esta semana o veto de outro repórter da agência noticiosa por não utilizar o nome "Golfo da América" e questionou se existem meios de comunicação que não utilizam esta denominação geográfica quando já existem empresas como a Apple ou a Google que o reconhecem.

"Se virmos os meios de comunicação social nesta sala a espalhar mentiras, vamos responsabilizá-los e é um facto que a massa de água ao largo da costa da Louisiana se chama Golfo da América", disse a porta-voz Karoline Leavitt numa conferência de imprensa.

A editora executiva da agência noticiosa, Julie Pace, denunciou que a Casa Branca tinha pedido ao órgão de comunicação social para "alinhar os seus padrões editoriais com a ordem executiva de Trump", renomeando o Golfo do México.

Por seu lado, o Comité para a Proteção dos Jornalistas (CPJ) disse que estas "represálias" contra a AP "minam o compromisso declarado do presidente dos EUA com a liberdade de expressão".

"Estas ações seguem um padrão de difamação e criminalização da imprensa por parte da atual administração e são inaceitáveis", afirmou a diretora executiva do CPJ, Jodie Ginsberg, num comunicado hoje divulgado.
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