Guerra Rússia-Ucrânia

"Amadorismo absolutamente estrondoso e surpreendente" da diplomacia da administração Trump

A análise de Rui Cardoso sobre a falta de estratégia e princípios na atual administração dos EUA, vista com preocupação pelos seus aliados tradicionais, especialmente na Europa.

SIC Notícias

O vice-presidente dos EUA, JD Vance, deve encontrar-se hoje com o Presidente da Ucrânia em Munique, na Alemanha. Um "encontro inquinado" segundo Rui Cardoso.

Os EUA sugerem que a Ucrânia ceda territórios, o que foi recebido com espanto na Europa. Rui Cardoso classifica a estratégia como “amadorismo estrondoso”, criticando ainda a postura errática da Administração Trump, que “age como se não houvesse inimigos nem aliados”.

"Este encontro já está inquinado pelo amadorismo absolutamente estrondoso e surpreendente da administração Trump, que faz aquilo que nunca se faz, seja no desporto, seja na economia, seja na política, seja onde for, seja na diplomacia, que é o caso, que é partir para uma negociação com as cartas abertas na mesa".

O secretário da Defesa dos EUA, Peter Hegseth, disse que a Ucrânia deve ceder territórios e que não haverá tropas dos Estados Unidos no terreno a garantir futuramente a segurança da Ucrânia.

"Isto é, obviamente, música para os ouvidos de Putin, porque os Estados Unidos estão a balizar o caminho para uma negociação que ainda não começou efetivamente, coisa que deixa de mãos completamente na cabeça antigos elementos da administração Trump no primeiro mandato (...) em altura nenhuma no mundo, em administração nenhuma, se parte para uma negociação revelando aquilo que efetivamente vamos fazer."

Os líderes europeus também foram apanhados de surpresa com os anúncios de Trump. "Emmanuel Macron veio dizer, em entrevista ao Financial Times, que a solução não pode ser de forma alguma uma capitulação da Ucrânia".

Que nova relação é esta entre Estados Unidos e Rússia?

O jornalista também critica a postura dos EUA sob a administração Trump, afirmando que "os Estados Unidos atuam como se não houvesse inimigos e aliados, atuam como se não houvesse princípios ou não houvesse estratégia".

"Neste momento, dá-se um caso curioso, que parece que é mais perigoso ser amigo dos Estados Unidos do que ser inimigo, porque Putin trata bem os seus inimigos e a relação aos seus amigos."

Rui Cardoso menciona episódios recentes envolvendo outros líderes mundiais, como o rei da Jordânia e a África do Sul, para ilustrar a mistura de "amadorismo, arrogância e não pensar nas consequências" da administração Trump.

Trump disse que a Rússia ainda nunca devia ter saído do G8, "mas provavelmente amanhã dirá rigorosamente o seu contrário".

"A certa altura, alguém que Trump escute, provavelmente lhe dirá ao ouvido, tenha atenção às cedências que está a fazer a Putin, às cedências que está a fazer no campo da Ucrânia, porque ao fazê-lo, você faz figura de fraco e está a enviar sinais errados, por exemplo, à China, no que diz respeito a Taiwan, no que diz respeito ao mar do sul da China, etc., etc".

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