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Casa Branca "assegura" que não exerceu pressão para suspender programa de Kimmel

Porta-voz diz que presidente dos Estados Unidos "não exerceu qualquer pressão".

O apresentador Jimmy Kimmel durante a cerimónia dos Óscares, no domingo, 10 de março de 2024, no Dolby Theatre, em Los Angeles.
Chris Pizzello / AP

Lusa

A Casa Branca negou este sábado ter exercido pressão para que o programa do humorista Jimmy Kimmel fosse suspenso, por causa dos seus comentários sobre o assassínio do ativista de extrema-direita Charlie Kirk.

"A decisão de despedir Jimmy Kimmel e cancelar o seu programa foi tomada pelos executivos da ABC (American Broadcasting Company), como foi noticiado, e posso assegurar-vos de que não foi uma decisão da Casa Branca. O Presidente dos Estados Unidos [Donald Trump] não exerceu qualquer pressão", declarou a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, numa entrevista ao canal televisivo Fox News.

Leavitt afirmou que estava com Trump quando a notícia foi divulgada, durante a visita de Estado do republicano ao Reino Unido, esta semana, e indicou que ela mesma o informou do sucedido, "uma vez que ele não tinha conhecimento do que se estava a passar".

"A pandilha MAGA (Make America Great Again, o lema de Trump) tentou desesperadamente rotular este tipo (Tyler Robinson) que assassinou Charlie Kirk como tudo menos um deles e fez tudo o que podia para retirar dividendos políticos" da situação, disse Kimmel na segunda-feira à noite.

Programa foi suspenso por tempo indeterminado

O programa de Kimmel, um dos mais populares da televisão noturna do país, foi na quarta-feira suspenso indefinidamente pela ABC, depois de muitos conservadores terem reagido com indignação a tais comentários.

Horas antes da suspensão, o presidente da Comissão Federal de Comunicações (FCC), Brendan Carr, sugeriu que o Governo poderia tomar medidas contra as estações afiliadas da ABC que transmitiram o programa.

"Foi uma decisão da ABC, porque Jimmy Kimmel mentiu deliberadamente à sua audiência no seu programa sobre a morte de um homem muito respeitado, num momento em que o nosso país estava de luto", explicou a porta-voz da Casa Branca.

"Embora o Presidente concorde com esta decisão, não tivemos nada que ver com ela. Foi uma decisão da ABC e foi, sem dúvida, a decisão correta", concluiu.

Alguns republicanos expressaram preocupação com a forma como estão a ser censurados aqueles que não respeitam a narrativa da Casa Branca sobre Charlie Kirk.

É o caso do senador republicano do Texas Ted Cruz, que na sexta-feira classificou as ações de Carr como "perigosas como o raio" e advertiu de que poderiam criar um precedente preocupante, deixando os conservadores vulneráveis sob um futuro Governo norte-americano democrata.

Kirk foi atingido a tiro no pescoço a 10 de setembro

Charlie Kirk, de 31 anos, pai de dois filhos e uma figura pública conhecida como o fundador da organização de extrema-direita Turning Point USA, defendia a ideia de que valia a pena sacrificar as vidas de algumas pessoas, assassinadas a tiro nos Estados Unidos, para que os cidadãos norte-americanos pudessem manter o direito de possuir armas de fogo.

Foi mortalmente atingido a tiro no pescoço a 10 de setembro, quando falava perante centenas de estudantes num evento organizado na Universidade de Utah Valley, no oeste dos Estados Unidos.

Kirk era um aliado próximo de Donald Trump, que manifestou a intenção de assistir ao seu funeral, que se realizará no domingo no Arizona, onde residia, e anunciou que vai atribuir-lhe a título póstumo a Medalha Presidencial da Liberdade, a mais alta condecoração civil do país.

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